Num momento de explosão criativa, Fernando Costa pintou uma série de telas, quase todos grandes, com o nome de “apocalipse”. Uma delas, imensa, pintado numa lona, perdeu-se em Curitiba para onde teria sido enviada. Uma outro foi vendida ao sociólogo Clóvis Moura, quando Fernando esteve em São Paulo. O quadro é uma explosão de cores vibrantes.

Uma tarde, o Clóvis ligou-me para me pedir que a obra fosse transferida para algum museu do Piauí. Segundo o sociólogo, a tela era grande demais para as dimensões do seu apartamento. Depois de penosa negociação, convenci a presidente da FUNDAC, Lourdes Rufino, a comprar a tela. Realizada a transação, a peça foi instalada no Museu do Piauí.

Uma semana após o negócio concretizar-se, o Clóvis Moura me ligou novamente. Estava visivelmente emocionado. Mal atendi ao telefone, disparou: “Olha ,Cineas, você prestou um enorme serviço à arte piauiense”. Sem me deixar falar, concluiu: “Ontem, aqui em São Paulo, caiu um verdadeiro dilúvio. Meu apartamento foi parcialmente alagado. O espaço onde estava a tela do Fernando Costa ficou coberto de água.Tudo o que estava lá se perdeu”. Limitei-me a dizer: Deus seja louvado.

A tela de Fernando Costa é uma das peças mais visitadas do Museu do Piauí. Por um triz, o dilúvio não tragou o apocalipse...

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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.