Reza a sabedoria (eu prefiro besteira) popular que velho morre de tês kás: keda, katarro, kaganeira. Como tenho alma vadia, prefiro de "susto, de bala ou vício". O certo é que uma hérnia renitente levou-me à sala de cirurgia. Encaro a coisa com a maior naturalidade: morrer anestesiado é um luxo. O problema é o ritual preparatório. Depois de me perguntarem 227 vezes o meu nome, data de nascimento, etc, enfiaram-me num camisolão azul-tristeza, puseram-me um touca de plásticos, e pantufas estranhas. Não satisfeitos, enfiaram-me no braço direito uma pulseira onde se lia: RISCO DE QUEDA. Não pude deixar de rir. Os que cuidavam de mim devem ter pensado que o riso fosse fruto de uma crise nervosa.
A razão era outra: se o cristão que escreveu aquilo tivesse um tico de poesia na alma, teria escrito apenas:CUIDADO- FRÁGIL. Acreditem: não há nada mais frágil que um ser humano numa sala de cirurgia. De uma forma ou de outra, eu sempre sobrevivo pra contar. Assim seja.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
A razão era outra: se o cristão que escreveu aquilo tivesse um tico de poesia na alma, teria escrito apenas:CUIDADO- FRÁGIL. Acreditem: não há nada mais frágil que um ser humano numa sala de cirurgia. De uma forma ou de outra, eu sempre sobrevivo pra contar. Assim seja.
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