Meu pai foi cassado pelo golpe civil-militar-midiático de 1964. Teve a coragem, não sendo um "comunista", de se recusar a cumprir a determinação dos coturnos de participar de uma encenação na Assembleia Legislativa do Piauí: a legitimação da cassação do mandato parlamentar de deputados considerados "subversivos".

Preferiu se recolher em Esperantina e plantar batatas por uns tempos, como disse na tribuna. Esse dado biográfico de Themístocles Sampaio, um político conservador de brio e palavra, desenvolveu em mim o gosto pelo ambiente democrático e o pavor daqueles que insistem em transformar o golpe de 1964 numa "revolução redentora".

O regime militar durou 21 anos. Perseguiu, torturou e matou quem ousou enfrentá-lo, com palavras ou até mesmo com armas.

Uma ditadura instalada para atender aos interesses da mesquinha elite brasileira. O Brasil não corria o risco de se tornar um país comunista. Nós corríamos o bom risco de nos tornar um país mais justo e igualitário com a reformas de base de João Goulart.

Os militares ampliaram a desigualdade social. A dívida da ditadura é muito alta. Só uma democracia sólida e comprometida com a Constituição Cidadã poderá fazer um Brasil melhor para todos os brasileiros. Themístocles Sampaio, presente!