Quando a pandemia deu o ar de sua (des)graça por essas bandas, passei a ouvir, com incômoda frequência, a recomendação: “Se cuide, professor”. Entendi o gesto como uma demonstração de zelo e carinho. Como já vivi muitas luas, incluíram-me no “grupo de risco”. Segui as orientações das autoridades sanitárias com a determinação de um escoteiro.
Infelizmente, o Covid-19 bateu-me à porta. Por favor, irmãos e irmãzinhas, não saiam por aí espelhando que fui contaminado e que estou à morte. Calma, calma. Estou bem e, na medida do possível, sossegado. Não fui acometido nem mesmo de defluxo, ou seja, de um “resfriadozinho”... Ainda assim, a pandemia atingiu-me nos dois pontos mais sensíveis do corpo humano: o bolso e a autoestima. A bem da verdade, bolsos em minhas calças não passam de simples adereços: estão sempre vazios. Quanto à autoestima, com um tico de humor, tento mantê-la elevada.
Ao que importa. Há exatos onze anos (10/05/2009), venho apresentando na TV Cidade Verde o programa Feito em Casa. Um bocado de tempo para um programa de caráter cultural. Por amor à verdade, erros e acertos do programa são de minha inteira responsabilidade. Nunca a direção da emissora interferiu no programa. Fiz o que pude e como quis. Na empresa, sempre fui tratado com carinho e respeito. Para os mais jovens, fui uma espécie de “tio velho” a quem todos, de alguma forma, estavam dispostos a ajudar. Só tenho a agradecer. Ter feito parte da família Cidade Verde foi um aprendizado prazeroso e enriquecedor.
Mas a crise econômica que veio na esteira da pandemia tirou do ar o Feito em Casa por tempo indeterminado. E tirou-me a alegria de mostrar a face luminosa do Piauí nas manhãs de sábado. Foi divertido e instigante enquanto durou.
Aqui estou, literalmente, desempregado numa idade em que a maioria dos brasileiros sonha com uma boa aposentadoria. Não é o meu caso. Como sou sobrevivente de muitas guerras perdidas, pretendo continuar de pé. Ainda me lembro vagamente de algumas regras gramaticais; sou capaz de construir um parágrafo com começo, meio e fim e sei contar histórias engraçadas. Se por acaso alguém precisar de um velho com este perfil, estou às ordens. Como diria o filósofo Pelé, “pior é não ter por quem chorar”. Fui, mas posso voltar...
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
Infelizmente, o Covid-19 bateu-me à porta. Por favor, irmãos e irmãzinhas, não saiam por aí espelhando que fui contaminado e que estou à morte. Calma, calma. Estou bem e, na medida do possível, sossegado. Não fui acometido nem mesmo de defluxo, ou seja, de um “resfriadozinho”... Ainda assim, a pandemia atingiu-me nos dois pontos mais sensíveis do corpo humano: o bolso e a autoestima. A bem da verdade, bolsos em minhas calças não passam de simples adereços: estão sempre vazios. Quanto à autoestima, com um tico de humor, tento mantê-la elevada.
Ao que importa. Há exatos onze anos (10/05/2009), venho apresentando na TV Cidade Verde o programa Feito em Casa. Um bocado de tempo para um programa de caráter cultural. Por amor à verdade, erros e acertos do programa são de minha inteira responsabilidade. Nunca a direção da emissora interferiu no programa. Fiz o que pude e como quis. Na empresa, sempre fui tratado com carinho e respeito. Para os mais jovens, fui uma espécie de “tio velho” a quem todos, de alguma forma, estavam dispostos a ajudar. Só tenho a agradecer. Ter feito parte da família Cidade Verde foi um aprendizado prazeroso e enriquecedor.
Mas a crise econômica que veio na esteira da pandemia tirou do ar o Feito em Casa por tempo indeterminado. E tirou-me a alegria de mostrar a face luminosa do Piauí nas manhãs de sábado. Foi divertido e instigante enquanto durou.
Aqui estou, literalmente, desempregado numa idade em que a maioria dos brasileiros sonha com uma boa aposentadoria. Não é o meu caso. Como sou sobrevivente de muitas guerras perdidas, pretendo continuar de pé. Ainda me lembro vagamente de algumas regras gramaticais; sou capaz de construir um parágrafo com começo, meio e fim e sei contar histórias engraçadas. Se por acaso alguém precisar de um velho com este perfil, estou às ordens. Como diria o filósofo Pelé, “pior é não ter por quem chorar”. Fui, mas posso voltar...
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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