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Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Mauro Sampaio

Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

15/06/2020 - 07h30

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Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

15/06/2020 - 07h30

Será o começo da era Jair Centrão Bolsonaro?

As manifestações estavam incomodando o Centrão, com quem o presidente negocia cargos para escapar de um processo de impeachment.

Alguns poucos

 Alguns poucos "patriotas" caminharam isolados e desolados pela Esplanada, em Brasília

Será o fim das manifestações "patriotas" na Esplanada e o começo do Jair Centrão Bolsonaro?

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), determinou que fossem desmontados no sábado (13/06/2020) o acampamento "300 do Brasil", liderado pela "influencer" da extrema-direita, Sara Winter, o rancho "QG Rural", na Esplanada dos Ministérios, e uma "aglomeração" permanente na Praça dos Três Poderes, todos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Houve, no mesmo dia, indignação, discursos inflamados para grupos nas redes sociais, promessa de volta, tentativa mambembe de invasão do Congresso Nacional e foguetório em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF). No domingo, nada de carreata, nada de encontro com o "mito" em frente ao Palácio do Planalto. Alguns poucos "patriotas" caminharam isolados e desolados pela Esplanada e se concentraram nas proximidades da Rodoviária do Plano Piloto para acusar Ibaneis de comunista e outras coisas mais.

A justificativa para o fim dos acampamentos não convence. Ibaneis diz que tolerou todas as manifestações enquanto eram pacíficas. Os "excessos", no entanto, ocorreram por causa do decreto que desmobilizou os "patriotas". Antes disso, nada de grave havia ocorrido nos últimos dias. Se fosse para fazer realmente o correto, o governador não deveria ter permitido a ocupação da Esplanada desde a decretação do distanciamento social em decorrência da pandemia de coronavírus, em março. O estranho é que Bolsonaro não saiu em defesa de seus fanáticos e nada comentou sobre a decisão do governador do Distrito Federal, seu aliado. O Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, é bolsonarista de carteirinha.

O que mudou, afinal? Alguém deveria contar aos "patriotas" que Jair Bolsonaro, muito provavelmente, sabia e concordou com o "isolamento" da Esplanada. As manifestações estavam incomodando o Centrão, com quem o presidente negocia cargos para ter votos e para escapar de um processo de impeachment. O número de ministérios aumenta na medida em que os acordos se concretizam e o "mito", nas palavras elogiosas do Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), começa a fazer política. Não se governa com manifestações que exigem, todo domingo, intervenção militar, o fechamento do Congresso Nacional e do STF e faz ameaças aos membros do Legislativo e da Corte. De tanto provocar, a oposição resolveu quebrar a quarentena, e deu o que falar. A maioria que Bolsonaro mais precisa são de deputados e de senadores. Ou então, que ele convoque os "patriotas" de novo para as ruas e faça os que eles querem: fechar tudo e acabar a democracia. A combinar com os generais. 

Mauro Sampaio

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