Em Teresina, até meados da década de 1970, a palavra ecologia era pouco menos que um palavrão. Os mais radicais afirmavam ser apenas “tergiversação” ou “alienação”, um jeito de não encarar os graves problemas sociais, etc. Quando começamos a debater a questão do rio Parnaíba, brindaram-nos com alguns títulos mimosos: “inconsequentes”, “alarmistas”, “ecobobos”. impávidos, prosseguimos na nossa luta inglória, uma guerra sabidamente perdida. Em 1980, lançamos o Primeiro Manifesto Ecológico do Piauí, na Praça Pedro II. Recebemos cipoadas de todos os lados.
Para completar a dose, organizamos uma coletânea- O Rio - com todos os poemas sobre o Parnaíba disponíveis na praça. Ao todo, 18 poetas, de Da Costa e Silva a William Melo Soares, participaram. O livro traz ainda um punhado de fotos de Aureliano Muller, Assaí Campelo, Nonato Carvalho e Jorge Riso e Alcide Filho e um belo depoimento do barqueiro Mano Velho.
A coletânea é apresentada pelo poeta H. Dobal, um raro luxo. Dobal não era dado a escrever prefácios. O poeta abre a bela apresentação com esta pérola: “De todos os rios sobra uma cantiga de bem-viver. O descer das águas, vencendo ou contornando obstáculos, bem como o seu fluir incessante como o próprio tempo, com quem se confunde, é uma lição de vida que não podemos deixar de captar”. E finaliza com a advertência: “O livro é uma louvação ao rio e um alerta. Pois a homenagem ao rio não pode ficar apenas como um tributo à música desse nome – PARNAÌBA – mas deve ressoar como um chamado à realidade”.
Fizemos o lançamento da coletânea numa das coroas do Parnaíba, com direito a música, leituras de poemas, caipirinha, piabas sapecadas (no Vôlei Bar) e, naturalmente, futebol... Não se vendeu um único exemplar do livro, mas a festa foi inesquecível. No próximo ano, se a peste o permitir, faremos uma reedição comemorativa, acrescida de novos poemas. Quem sobreviver verá.
Assim seja!
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
Para completar a dose, organizamos uma coletânea- O Rio - com todos os poemas sobre o Parnaíba disponíveis na praça. Ao todo, 18 poetas, de Da Costa e Silva a William Melo Soares, participaram. O livro traz ainda um punhado de fotos de Aureliano Muller, Assaí Campelo, Nonato Carvalho e Jorge Riso e Alcide Filho e um belo depoimento do barqueiro Mano Velho.
A coletânea é apresentada pelo poeta H. Dobal, um raro luxo. Dobal não era dado a escrever prefácios. O poeta abre a bela apresentação com esta pérola: “De todos os rios sobra uma cantiga de bem-viver. O descer das águas, vencendo ou contornando obstáculos, bem como o seu fluir incessante como o próprio tempo, com quem se confunde, é uma lição de vida que não podemos deixar de captar”. E finaliza com a advertência: “O livro é uma louvação ao rio e um alerta. Pois a homenagem ao rio não pode ficar apenas como um tributo à música desse nome – PARNAÌBA – mas deve ressoar como um chamado à realidade”.
Fizemos o lançamento da coletânea numa das coroas do Parnaíba, com direito a música, leituras de poemas, caipirinha, piabas sapecadas (no Vôlei Bar) e, naturalmente, futebol... Não se vendeu um único exemplar do livro, mas a festa foi inesquecível. No próximo ano, se a peste o permitir, faremos uma reedição comemorativa, acrescida de novos poemas. Quem sobreviver verá.
Assim seja!
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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