Na quarta edição do Salipi, decidimos homenagear Assis Brasil. Nada mais justo: à época, Assis já publicara mais de cem livros. É uma figura de projeção nacional. Incumbiram-me de fazer o convite. De cara dois problemas: desde a publicação da Tetralogia Piauiense, as relações do escritor com a província andavam estremecidas. Não bastasse isso, Assis estava mergulhado numa depressão do tipo fundo sem fundo. Fiz o convite e aguardei. Resposta telegráfica: “Infelizmente, por problemas de saúde, não poderei ir ao Piauí”. Foi aí que entrou na história a professa Francigelda Ribeiro, que estava escrevendo uma dissertação de mestrado sobre a obra de Assis. Pediu-nos permissão para negociar a vinda do homenageado e prometeu que o traria ao Salipi.
Tantas fez que acabou conseguindo. De qualquer forma, o escritor impôs uma condição: viria para a festa de abertura do Salão, mas não falaria nem oi.
Assis Brasil chegou. Miúdo, triste, calado, parecia um passarinho numa gaiola de chumbo. A vinda do escritor, que havia mais de 30 anos, não visitava o Piauí, gerou enorme expectativa. O auditório do Centro de Convenções de Teresina (700 lugares) não comportou o público. Puseram mais duas fileiras de cadeiras nas laterais. Depois da apresentação de Luíza Miranda, Luiz Romero anunciou a entrada de Francisco de Assis de Almeida Brasil. Algo de mágico aconteceu: a plateia inteira levantou-se e começou a aplaudir o escritor. Durante todo o percurso, os aplausos continuaram.
Sem acreditar no que estava vendo, Assis parecia um menino que, pela primeira vez, vai a um parque de diversão. Ao chegar ao palco, sem que lhe passassem a palavra, pegou o microfone e, com enorme desenvoltura, falou como um papagaio de pensão. Falou da vida, da obra, dos embates, das dificuldades, dos prêmios, de tudo. Impávido, respondeu às perguntas feitas pela plateia e, na saída, distribuiu autógrafos à mancheia. A esposa do Assis, sem acreditar no que via, não se cansava de me agradecer.
Para encurtar a história, Assis Brasil só voltou ao Rio de Janeiro para buscar seus teréns. Mudou-se de mala e cuia para Teresina onde continua até hoje. Ao longo desses anos, escreveu pelo menos uns dez livros, a maioria deles voltado para o público infanto-juvenil. Tornou-se presença marcante na festa do livro piauiense. Gabriel García Márquez tinha razão: “O que a felicidade não curar nada cura”.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
Tantas fez que acabou conseguindo. De qualquer forma, o escritor impôs uma condição: viria para a festa de abertura do Salão, mas não falaria nem oi.
Assis Brasil chegou. Miúdo, triste, calado, parecia um passarinho numa gaiola de chumbo. A vinda do escritor, que havia mais de 30 anos, não visitava o Piauí, gerou enorme expectativa. O auditório do Centro de Convenções de Teresina (700 lugares) não comportou o público. Puseram mais duas fileiras de cadeiras nas laterais. Depois da apresentação de Luíza Miranda, Luiz Romero anunciou a entrada de Francisco de Assis de Almeida Brasil. Algo de mágico aconteceu: a plateia inteira levantou-se e começou a aplaudir o escritor. Durante todo o percurso, os aplausos continuaram.
Sem acreditar no que estava vendo, Assis parecia um menino que, pela primeira vez, vai a um parque de diversão. Ao chegar ao palco, sem que lhe passassem a palavra, pegou o microfone e, com enorme desenvoltura, falou como um papagaio de pensão. Falou da vida, da obra, dos embates, das dificuldades, dos prêmios, de tudo. Impávido, respondeu às perguntas feitas pela plateia e, na saída, distribuiu autógrafos à mancheia. A esposa do Assis, sem acreditar no que via, não se cansava de me agradecer.
Para encurtar a história, Assis Brasil só voltou ao Rio de Janeiro para buscar seus teréns. Mudou-se de mala e cuia para Teresina onde continua até hoje. Ao longo desses anos, escreveu pelo menos uns dez livros, a maioria deles voltado para o público infanto-juvenil. Tornou-se presença marcante na festa do livro piauiense. Gabriel García Márquez tinha razão: “O que a felicidade não curar nada cura”.
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