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Domingo, 10 de novembro de 2024
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Ana Regina Rêgo

Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

15/10/2021 - 09h43

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Ana Regina Rêgo

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15/10/2021 - 09h43

Verdades e Mentiras – As meninas na era da desinformação

 

A ONG Plan International realizou uma pesquisa sobre o impacto da desinformação na vida das meninas e jovens mulheres entre 15 e 24 anos. Foram entrevistadas 26 mil meninas e jovens em 26 países. Destas, 87% acreditam que as fake News causam efeitos negativos em suas vidas. No Brasil, 72% relataram o recebimento de alguma mentira sobre a pandemia.

A pesquisa revela as consequências da desinformação, com ênfase nas fake News no dia a dia de meninas e jovens mulheres. Uma a cada três (35%) relata que as informações falsas estão afetando sua saúde mental, deixando-as estressadas, preocupadas e ansiosas – no Brasil, esse número chegou a 46%. O estudo descobriu que 20% das participantes se sentem fisicamente inseguras (25% no Brasil). Em nosso país, 38% das meninas acabaram discutindo com familiares e amigas/os e 30% ficaram menos confiantes para compartilhar suas opiniões. Elas também ficaram tristes e deprimidas (29%). No mundo, 18% pararam de se envolver na política ou em questões da atualidade e 19% afirmaram que sua confiança nos resultados eleitorais foi abalada. O fenômeno, portanto, mina a confiança de meninas e jovens mulheres para participar da vida pública. O fenômeno ainda é reforçado quando elas acompanham casos de lideranças femininas que se veem alvo de rumores maldosos e teorias da conspiração criados para minar sua credibilidade, envergonhá-las e silenciá-las. Isso prejudica as ambições de liderança das meninas.

Mas, afinal, como as meninas se informam e checam se as informações são verdadeiras? A pesquisa aponta que a fonte mais confiável para as informações é a grande mídia com 68%, acima de instituições educacionais (31%) e familiares (30%).  No Brasil, as meninas e jovens se informam de modo híbrido, 68% preferem redes de notícias convencionais, enquanto 63% vão aos influenciadores digitais, já 53% preferem amigas/os e colegas, 43% dão preferência aos membros da família e parentes, 38% recorrem a redes alternativas de notícias, 19% recorrem ao Governo Federal e somente 12% a políticos.

Todavia quando o assunto é realmente a confiança, o cenário é um pouco diferente, sendo que 65% confiam na grande mídia, 31% confiam nas instituições educacionais, 30% em membros da família e parentes, 26% em influenciadores digitais, 26% em amigos e colegas, 24% na mídia alternativa, 17% no Governo Federal, 15% confiam em empresas privadas, 14% confiam em celebridades, 9% depositam sua confiança em líderes religiosos e comunitários, já 7% em outros e somente 4% confiam em políticos.

O fato é quase todas as meninas e mulheres jovens que participaram da pesquisa (98%) usam alguma estratégia para verificar se as informações que acessam on-line são verdadeiras. O mais comum (67%) é cruzar as informações com outras fontes, checar quem é o/a autor/a (53%) e se fornecem evidências (47%).

O estudo revelou ainda que o público pesquisado está preocupado com a desinformação (97%) e 62% estão extremamente ou muito preocupadas o fenômeno. Elas apontam  alguns temas sobre os quais já tiveram acesso a informações falsas e manipuladas, sendo que 72% teve acesso a mentiras sobre a  COVID-19, 61% sobre política e eleições, 44% receberam fake sobre notícias e atualidades, enquanto 41% sobre igualdade de direitos e feminismo, 40% receberam alguma desinformação sobre direitos da população LGBTQIA+, 38% sobre violência baseada em gênero, 37% sobre desigualdade econômica, 35% receberam mentiras sobre justiça racial, 33% sobre saúde e bem-estar físico, 32%  sobre sexo e saúde sexual, 32% sobre saúde mental, 30% sobre  guerras e conflitos e 28% sobre mudanças climáticas.

O estudo revelou ainda os locais onde as meninas e jovens encontram desinformação, sendo que 71% afirmam ter mais contato com as fake News nas redes sociais (como Facebook, Instagram, Twitter e TikTok), outros 64% nas plataformas e aplicativos de mensagens (como WhatsApp e Telegram), 51% apontam que encontram desinformação em plataformas de vídeos (como YouTube), já 30%  tem contato com fake News em blogs e 29% em sites de pesquisa. 

Nesse caminho, a pesquisa descobriu ainda que o Facebook é a plataforma de mídia social que as meninas acreditam ter mais informações falsas, selecionada por 65% das entrevistadas. No Brasil, o WhatsApp está logo atrás, com 61% - bem acima da média mundial, de 27%.

Por outro lado, o acesso à informação tem proporcionado mudanças. Para 58% das meninas e jovens, as informações on-line ajudaram a entender e a se sentir mais confiante sobre os temas que interessam, já para 50% as informações ajudaram a mudar de opinião sobre algum tema. 50% também responderam que as informações ajudaram a se conectar com pessoas que pensam de modo similar. Enquanto, 49% apontam que as informações mudaram o comportamento durante a pandemia da COVID-19, tais como fazer uso de máscara e praticar o distanciamento social. Outros 48% afirmaram ter aprendido sobre um novo problema e a se envolver ativamente nele.

Nesse sentido, 95% responderam que regularmente se envolvem com temas sociais on-line. Os principais são: 61% COVID-19, 58% notícias e atualidades, 58% saúde e bem-estar físico, 50% saúde mental e 44% igualdade de gênero e feminismo.

"Todos os dias, meninas e jovens mulheres que navegam na internet são bombardeadas com mentiras e estereótipos sobre seus corpos, sua identidade e como devem se comportar. Imagens e vídeos são manipulados para objetificá-las e deixá-las envergonhadas. As meninas têm um medo muito real de que eventos e perfis falsos possam atraí-las e enganá-las, levando a situações perigosas também no mundo físico", afirma Bhagyashri Dengle, Diretora Executiva de Política Transformativa de Gênero da Plan International.

Vale esclarecer o entendimento de desinformação e fake News  adotado pelos investigadores. A pesquisa classifica as desinformações como informações falsas, enganosas e muitas vezes prejudiciais que as pessoas compartilham de forma deliberada para causar danos e/ou obter lucro. Já as fake News são classificadas pela Plan, como informações falsas, enganosas e muitas vezes prejudiciais que as pessoas compartilham por equívoco. No Brasil, muitas vezes é difícil diferenciar um grupo do outro.

A metodologia da pesquisa envolveu processos e fases distintas e entrevistou meninas e jovens mulheres, inicialmente, em 33 países e em duas fases. A quantitativa teve mais de 26 mil adolescentes e jovens mulheres com idade entre 15 e 24 anos, em 26 países. Já a etapa qualitativa foi realizada com entrevistas aprofundadas em 18 países para investigar as experiências e opiniões de meninas e jovens mulheres. Entre os países do estudo quantitativo estão Alemanha, Austrália, Brasil, Burkina Faso, Canadá, Colômbia, El Salvador, Equador, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, Finlândia, França, Holanda, Indonésia, Itália, Jordânia, Malaui, Nepal, Peru, Quênia, Reino Unido, Suécia, Togo, Vietnã e Zâmbia. 

Para conhecer a Plan International acesse: https://plan.org.br/

Para ler pesquisa acesse: https://plan.org.br/verdades-e-mentiras-as-meninas-na-era-da-desinformacao-e-das-fake-news/

Com informações da TV Cultura SP.

AERP

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