No ano de ajuste fiscal a Câmara dos Deputados não tem conseguido economizar. Presidida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desde o início de 2015, a Casa do povo custou R$ 3,6 bilhões neste ano. Em valores correntes, os números são referentes ao período de janeiro a setembro e representam aumento de quase R$ 350 milhões em relação aos nove primeiros meses do exercício passado.
Apesar do aumento geral não parecer significativo, já que equivalem a elevação de 6% nas despesas, o Contas Abertas realizou um raio-x das despesas da Câmara e verificou que alguns aumentos chegaram a mais de 150%. Com a desvalorização da moeda brasileiras os gastos com diárias no exterior, por exemplo, estão nessa lista. No ano passado, R$ 508,2 milhões foram gastos com esse tipo de despesa, contra o R$ 1,3 bilhão de 2015.
As passagens para o exterior também apresentaram alta. Nos nove primeiros meses deste ano, R$ 1,4 bilhão foi desembolsado para pagar os bilhetes para fora do país. No ano passado, os valores somaram R$ 1,1 bilhão. O aumento no período foi de 37%.
Assim como aconteceu com o cidadão comum, a Câmara dos Deputados também elevou gastos com energia e água e esgoto. Os serviços de energia elétrica passaram de R$ 7,1 milhões para R$ 7,7 milhões. Já os gastos com água e esgoto subiram para R$ 3,1 milhões. No mesmo período do ano passado, os valores atingiram R$ 2,1 milhões, isto é, aumento de 45% no ano.
Outros itens que ficaram acima dos valores de 2014 são os serviços de vigilância ostensiva e limpeza e conservação. A primeira despesa chegou a quase R$ 14 milhões em 2015. No ano passado, R$ 12,2 milhões foram pagos. Os dispêndios com limpeza e conservação subiram 17%, chegando a R$ 24,9 milhões nos nove primeiros meses deste ano.
Gastos com pessoal
O grande destaque no aumento de gastos, no entanto, está nos pagamentos de pessoal e encargos sociais. Entre janeiro e setembro do ano passado, os valores atingiram R$ 2,8 bilhões para essa despesa. No mesmo período de 2015, os recursos alcançaram R$ 3 bilhões.
No início de 2015, o Congresso Nacional contou com o aumento de diversos benefícios para os parlamentares. Os salários subiram 26,6% e chegaram a R$ 33.763,00. Na Câmara dos Deputados também foram elevados gastos com verba de gabinete, auxílio-moradia e cota de atividade parlamentar.
À época, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu que os aumentos apenas corrigem as despesas de acordo com a inflação e não vão significar alta de gastos. “Todo acréscimo será compensado com a redução correspondente em outras despesas que já foram quantificadas e serão cortadas. Se tivesse qualquer aumento de despesa, nós não faríamos”, afirmou.
Cunha investigado
Pesquisa Datafolha realizada com 324 deputados mostra que quase a metade dos entrevistados (45%) entende que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deveria renunciar ao cargo. Para 25%, ele deve permanecer e 30% não se posicionaram sobre essa possibilidade.
O peemedebista é investigado na Operação Lava Jato, acusado de mantes contas secretas no exterior com dinheiro proveniente de corrupção, o que ele nega. Em púbilco, Cunha repete que nem cogita a possibilidade de renúncia.
Cunha tem jogado e barganhado com o Planalto, já que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, deve, necessariamente, passar pelas mãos do deputado. Além disso, o ajuste fiscal depende de medidas que tramitam no Congresso Nacional.
Fonte: Contas Abertas
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