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Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
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Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

08/12/2015 - 17h17

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Mauro Sampaio

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08/12/2015 - 17h17

O golpista sentimental

Vice-presidente Michel Temer envia carta a Dilma manifestando seu desapontamento com a relação iniciada em 2010. Ele quer o lugar dela

Temer no Palácio do Planalto com Dilma. Aparências (foto: Mauro Sampaio)

 Temer no Palácio do Planalto com Dilma. Aparências (foto: Mauro Sampaio)

O primeiro beneficiado do possível impeachment da presidenta Dilma Rousseff é o vice-presidente Michel Temer. Para romper de vez com a instável relação entre o PT egoísta dela e o PMDB inconfiável dele, enviou uma carta digitada (ou manuscrita?).

 

Nas bem traçadas linhas, Temer acusa Dilma de ser-lhe indiferente desde o primeiro mandato. Foi uma peça decorativa, só era lembrado na hora de apagar o fogo quase inimigo da bancada peemedebista, que se autoproclama "da governabilidade".

 

As confidências foram vazadas ao jornalista Jorge Moreno, do O Globo, para que o Brasil inteiro saiba que o vice-presidente não mais se conforma em fazer o papel do passivo. Subtende-se que o casamento político está no fim.

 

O divórcio se dará com o impeachment. Ela vai pra casa cozinhar e cuidar da neta e ele tomará conta, solteirão, do poder, sem um vice chato e carente.

 

Michel Temer assina embaixo que não prestará qualquer solidariedade a Dilma porque a presidenta nunca confiou nele e no PMDB, nem nunca confiará (não é para menos). Diz que sempre buscou a unidade entre os correligionários, mas mostra a verdade: na convenção de 2014, confirmou-se como candidato à reeleição de vice com pouco mais de 50% dos votos dos delegados do partido.

 

Uma pergunta não quer calar: se foi maltratado pela presidenta durante quatro anos, por que razão quis continuar sofrendo na vice-presidência?

 

Vices anteriores foram muito mais decorativos do que Michel. Marco Maciel, companheiro duas vezes de Fernando Henrique Cardoso, nunca reivindicou qualquer protagonismo, embora tivesse sido um senador respeitável e ser imortal da Academia Brasileira de Letras.

 

O vice de Lula, José Alencar, gostava de dar pitacos sobre juros, porém, quando o mensalão ameaçou o petista deixou claro que não iria conspirar. Itamar Franco ficou em silêncio durante toda a crise que culminou com o impeachment de Collor. O vice se tornou presidente sem fazer campanha para derrubar o titular.

 

Esse vice, sim, está em campanha pelo impeachment. Com a carta, revela-se um golpista sentimental.

Mauro Sampaio

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