Havia um senador em Roma, em 63 antes de Cristo, que era temido por suas ameaças ao governo e aos pares. O cônsul Marco Túlio Cícero denunciou o achacador na tribuna e nas praças. Os discursos se eternizaram como As Catilinárias. O mais célebre de todos é uma "prova" da reencarnação de Catilina, dois mil anos depois, no Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Até quando, Catilina, abusarás
da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino,
nem a ronda noturna da cidade,
nem o temor do povo,
nem a afluência de todos os homens de bem,
nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado,
nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes!
A Polícia Federal batizou de Catilinária a batida na residência oficial de Eduardo Cunha para apreender documentos, computadores e celulares. O Catilina romano renunciou após o discurso de Cícero e criou um exército para combater o governo e os inimigos. A reencarnação tem o seu exército e não desiste fácil, mas está quase dominado.
PS: Cícero não reencarnou no Parlamento brasileiro.
Mauro Sampaio
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