O Ministro da Saúde, Marcelo Castro, tem duas atuações distintas. É elogiado pelos parlamentares por dar atenção às demandas dos Estados, ainda que ouvir e fazer estejam em boa distância com a escassez de recursos, mas surpreende e irrita a presidenta Dilma Rousseff com suas declarações "sinceras" sobre o avanço das doenças transmitidas pelo mosquito que até há pouco tempo só era conhecido como o "mosquito da dengue".
A microcefalia também está relacionada a esse inseto que pertuba as gestantes. Marcelo Castro teme uma "geração de sequelados" porque "nós estamos perdendo feio" no combate ao Aedes aegypti. O jornalista Paulo Moreira Leite faz uma dura crítica ao piauiense:
Antes de aplaudir a franqueza do ministro, a pergunta é saber qual sua serventia. Ao conjugar o verbo na primeira pessoa do plural, o "nós", que lhe permite dividir responsabilidades com 200 milhões de brasileiros, o ministro evita o pronome correto para uma autoridade na hora em que é preciso demonstrar sentido de responsabilidade e testar sua própria competência - "eu".
Para não ser picado pelo mosquito da demissão, Marcelo Castro precisa, urgentemente, vacinar a fala e assumir o "eu, o Ministro da Saúde". É a receita.
Mauro Sampaio
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