A presidenta Dilma Rousseff aceitou acordo para retirar a Petrobras do caminho do pré-sal, abrindo-se uma oceânica avenida para as petroleiras estrangeiras. Os senadores do PT foram pegos de surpresa quando o relator do projeto do tucano José Serra (SP), o peemedebista Romero Jucá (RR), anunciou que o Palácio do Planalto estava satisfeito com uma emendinha que camufla o entreguismo.
Explica o jornalista Luís Nassiff:
Serra apresentou um projeto que tirava da Petrobras a obrigatoriedade e a preferência de ficar com os 30% de cada exploração. Teve início às negociações, e a base aliada foi convencida de que, dando à Petrobras o direito de preferência, tudo estaria resolvido.
Ou seja, em cada leilão, a Petrobras terá direito de preferência sobre seus 30%. Só se abrir mão dele, o leilão será estendido às demais petroleiras.
Resolvido. A Petrobras optará apenas pelos campos que forem vantajosos e empurrará os demais para outras petroleiras - como sustentou Serra e outros senadores. Não explicaram por que petroleiras competentes aceitariam ficar com campos desinteressantes.
A questão central é que em 2018 haverá novas eleições presidenciais. E há enorme possibilidade de entrar um presidente que não tenha o pré-sal em suas prioridades.
Entrando, indicará uma nova diretoria da Petrobras. Para alijar a Petrobras do pré-sal, bastará a nova diretoria não exercer nenhum de seus direitos de preferência. Tudo de acordo com o projeto de lei aprovado ontem no Senado.
Desabafo do senador Lindbergh Farias (PT-RJ):
Nós estamos aqui meio perplexos, porque nós somos derrotados por uma aliança do governo com o PSDB. Eu estive hoje pela manhã no Palácio do Planalto, e a orientação era de lutar para manter a Petrobras como operadora única e os 30% – eu conversei com o ministro Berzoini.
Só que à tarde, já aqui na discussão, há uma mudança de posição. E, sinceramente, eu acreditava que podíamos ter ganho essa votação. Nós nos sentimos aqui abandonados numa matéria que é estratégica..
Eu só quero dizer que nós vamos continuar a nossa luta, que nós vamos fazer mobilização nas ruas, que nós vamos para o debate na Câmara e começar uma grande campanha para que a Presidenta Dilma, se isso chegar ao Palácio do Planalto, vete esse projeto, porque é um projeto que afronta a soberania nacional.
Não se sabe é se Dilma estará no Palácio do Planalto quando o projeto for encaminhado para a sanção ou veto presidencial.
Mauro Sampaio
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