Tocou a campainha e era o japonês da Federal para levar Lula à força para prestar depoimento. Seis horas da manhã em São Bernardo do Campo. O ex-presidente que melhorou a vida de 40 milhões de pobres esquecidos seria humilhado para o orgasmo múltiplo dos que nunca admitiram que ele sequer tenha sobrevivido à seca no Nordeste.
Procuradores, delegados e o juiz Sérgio Moro não têm mais nada a esconder sobre o fim derradeiro da Lava-Jato: apontar um crime cometido por Lula, prendê-lo e encerrar o ciclo do PT, para todo o sempre.
Esquerda cabisbaixa, petistas intimidados e um governo coagido por uma crise política que amplia a crise econômica.
O Brasil precisaria se livrar "dessa gente" assim, sem recorrer às urnas, na base do prende e arrebenta um líder que cometeu um grande erro, realmente: igualar o seu partido aos demais no exercício do poder.
Se houvesse um interesse claro de exterminar a corrupção nessa investigação, ela não estaria focada apenas em Lula e no PT, que entraram no sistema por último. As artimanhas e manhas do submundo do financiamento político-eleitoral pertenciam antes ao PSDB, PMDB e DEM, que desfrutaram do Palácio do Planalto com Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso.
Corrupção na Petrobras e acertos entre governos e empreiteiras não são uma invenção recente. Antes mesmo da volta dos civis, com a redemocratização, os militares, sem votos, contaminaram o ambiente.
O ex-presidente afirma, após falar de pedalinhos, barquinho de lata, vinhos, presentes, sítios, triplex e palestras com os delegados que voltará às ruas de cabeça erguida porque não tem nada a temer em relação à investigação e, indignado com a cacetada, avisou: "Se queriam acertar a cabeça da jararaca, acertaram o rabo."
A guerra está declarada.
*Artigo publicado originariamente no blog Brasília do portal Política Real.
Mauro Sampaio
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