Quando as palavras faltam e não há mais nada a se dizer, porque as situações postas em nossa cotidianidade são tão duras que não conseguimos absorver; o melhor é calar-se.
Voltamos ao limiar da barbárie. A violência nos rodeia. A violência que nasce e floresce entre os humanos.
Desnecessária violência no trânsito cometida por irresponsabilidades e imprudências que ceifam nossas vidas dia-a-dia. Violência urbana e social, fruto de uma sociedade desigual e discriminatória. Absurda violência contra mulheres, crianças e pessoas da comunidade LGBT. Violência ideológica cometida por representantes eleitos para nosso Congresso que fazem apologia tanto ao estupro quanto à tortura e ditadura e afirmam apenas expressar sua opinião, enquanto, que grande parte do povo, assim acredita. Atos de violência coletiva praticados por movimentos denominados terroristas em nome da fé e que tem origem em inúmeras e complexas conjunturas discriminatórias e dominadoras do ocidente em relação ao oriente. Violência! Violência! Violência!
Sociedade estranha a nossa que lota os templos de todas as crenças, atestando a diversidade religiosa que nos cerca, e, ao mesmo tempo, faz campanha pela diminuição da menoridade, como se não fosse responsável pela situação de desigualdade social do nosso país. Como consequência somos um país que fecha escolas e abre presídios.
Sociedade estranha a nossa que reza todos os dias e em tudo o que fala afirma: Deus no comando! Mas em seguida apoia deputados que fazem apologia clara e explícita à tortura e que ainda dizem ser um mal necessário para limpar a sociedade.
Sociedade esdrúxula a nossa que lê a Bíblia todos os dias e sabe que Jesus expulsou os vendilhões do templo, mas ganha rios de dinheiro explorando a fé dos mais pobres, não só economicamente, mas principalmente educacionalmente e de espírito. Nesse caminho, menciono um dos negócios mais promissores no Brasil atual: o drive-thru da oração!
Sociedade esdrúxula a nossa que diz seguir os passos de Jesus,que a todos respeitava e a ninguém discriminava; mas que em antítese possui pensamentos e práticas homofóbicas. Tudo em nome de uma pseudonormalidadeheteronormativa, repassada discursivamente de geração a geração, sem crítica ou contestação.
Sociedade permissiva a nossa, em que se vai à rua para combater a corrupção, mas continua a praticar nos pequenos atos de cada dia. Alguns médicos, por exemplo, repassam a cobrança do imposto que lhes é devida, para o paciente. Consulta com nota fiscal é bem mais cara do que sem a referida nota.
Sociedade permissiva a nossa, em que as leis são simbólicas em muitas instâncias. No trânsito se permite que crimes sejam rapidamente esquecidos e que as pessoas que os cometeram possam voltar a dirigire a provocar acidentes fatais em reincidência.
Assim é que diante de tudo o que nos causa indignação hoje, só nos resta calar! E para finalizar essa fala que deveria ser muda, trago a Oração de São Francisco, não por ser um santo católico, mas porque a mensagem serve a todos! Que orem os que são oração!
Oração de São Francisco (para Junior, Jader e Bruno)
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive
para a Vida Eterna.
Ana Regina Rêgo
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