Imaginemos que seamos capaces de volver a pensar la ciudad como la cosa humana por excelencia . Recebida de la historia, es cierto, pero con pleno derecho a volver a fundarla, como cada generación. Las ciudads progresan com proyectos de renovación y se estacan con su ausencia.
Imaginemos que seamos capaces de pensar la ciudad como un proyecto global , um proyecto de cultura.
Ferran Mascarell
Hoje retorno a um tema que, com certa frequência tenho trazido para este meu lugar de fala e que reflete meu pensamento. A ideia é propor aberturas para o pensamento conservador e limitado que ocupa posições de poder em nosso Estado e em nossa cidade e não permite o vivenciar da cultura como um segmento que nos pode nos levar ao desenvolvimento sustentável e a diferenciação cultural.
Temos conhecimento de que existem inúmeras conceituações em voga na contemporaneidade que dão ao conceito Cultura uma grande amplitude, ao tempo em que, podem acarretar em distorções em sua aplicabilidade. Diante disso, é que assumimos aqui o risco de ao tratar Cultura em sentido antropológico e ao mesmo tempo, agregar a este o campo cultural estético-artístico; incorrermos em algum tipo de incoerência ou distorção, mas acreditamos ser necessário para a proposição que fazemos ao pensarmos a Cidade como um Projeto de Cultura.
Vale ressaltar que alguns institutos que trabalham mensurando a reputação das empresas, vem há alguns anos se dedicando a medir a reputação das cidades, tais como o Merco de Justo Villafañe na Espanha e o Saffron que publica anualmente o City Branding Barometer. Além disso outros rankings como o Smart Citys procuram enumerar os itens de excelência que algumas cidades apresentam e que as tornam bons lugares para se viver e, principalmente, visitar, potencializando a visibilidade e agregando valor na exposição junto ao mercado consumidor do turismo em todo o mundo.
Esse processo de exposição positiva que se potencializa pelas ações midiáticas vem ajudando na divulgação das boas práticas que passam a ser pautas de reivindicações nas inúmeras sociedades e que vem provocando transformações nas políticas públicas, nos hábitos, costumes e cultura dos povos mundo a fora. Temas como sustentabilidade ambiental e nas demais áreas, mobilidade urbana, cultura e economia criativa, dentre outros, tem dominado o debate de quem pensa as cidades nos últimos anos.
Diante disso, nascem algumas inquietações: O que é uma cidade cultural? Por que as cidades querem se transformar em culturais? Uma cidade cultural é uma cidade criativa? Uma cidade criativa é uma cidade sustentável? É possível articular as possibilidades cultural, criativa, sustentável e inteligente de modo a fazê-las caminhar lado a lado? O que significa uma cidade como um projeto de cultura?
A minha ideia de cidade como um projeto de cultura conflui diretamente para concepção de Ferran Mascarell, Conselheiro de Cultura da Catalunya, que nos diz que o projeto de Barcelona se transformou em um projeto de Cultura a partir das intervenções realizadas pelos governos socialistas, pois os cidadãos compreenderam que a melhoria da condição humana exige esforços conjuntos e se dedicaram a mudar a cidade a partir de suas melhores energias.Barcelona sofreu uma sólida experiência urbana de modernização que afetou tanto a sua dimensão psíquica, e, se colocou nos planos público e privado como uma grande experiência, um laboratório de transformação urbana, que para lá de mudar a cada da cidade, mudou a vida de seus cidadãos que passaram a se enxergar de modo distinto de antes.
Para Mascarell as mudanças urbanas e culturais com a implantação de módulos de cultura não só em Barcelona, mas em toda a Comunidade Autônoma catalã, indicou que uma cidade pode ser um projeto cultural e aqui vale pensar no campo cultural e não apenas no campo estético artístico, como limitamos, invariavelmente. Para ele a cidade se converteu em um projeto de todos, incluindo o governo, as associações, os empreendedores, as entidades cívicas, etc. Ele diz que foi um “projeto coral”, porque reuniu todas as matizes possíveis. O autor nos fala que o Projetou Barcelona mostrou que uma cidade pode se transformar a partir das ideias, da capacidade de pensar a cidade no futuro, e da coragem em aplicar decididamente o conhecimento. Para Mascarell, foram cinco eixos estruturantes fundamentais, começou com o urbanismo e com o impulso econômico, abrangeu seu sistema cultural complexo e adotou um modelo de bem estar social, incentivando a participação da sociedade nas práticas políticas.
Mesmo que se pondere, os problemas no Modelo de Barcelona referente ao processo de implantação do modelo urbanístico amplamente divulgado em todo o mundo, háque se ressaltar que enquanto projeto global de cultura, Barcelona ainda hoje se sustenta e, em 2013,a cidade conquistou o quarto lugar no ranking Smart Citys que analisa mais de 400 itens que englobam o relacionamento da urbanidade com as pessoas.
Isso no entanto, não se alcança da noite para o dia. Uma cidade como um projeto de cultura deve em primeiro lugar entender a Cultura como um recurso, que temos de preservar, fomentar, proporcionar visibilidade e nos orgulhar. Em segundo lugar compreender a necessidade da centralidade da cultura conforme nos fala Stuart Hall, mas indo além e pensando que a cultura enquanto campo não se subordina passivamente aos campos econômico e político, e que esse pode, muitas vezes, transformar os demais campos com os quais se relaciona.
Vale assim destacar que o projeto de cultura de uma cidade inclui pensá-la em seus processos de mobilidade urbana, em seu planejamento urbano que contemple espaços de convivência públicos que possibilitem o afloramento da arte e da criatividade em todos os níveis, que contemple espaços culturais públicos. Uma cidade como um projeto de cultura não pode abrir mão dos seus recursos culturais, nem tampouco dos naturais, sob pena de não conseguir proporcionar aos seus habitantes uma qualidade de vida aceitável. Uma cidade como projeto de cultura deve contemplar a preservação e a memória de seus patrimônios materiais e imateriais e deve entender cultura como campo interveniente e essencial ao processo educacional. Por fim, uma cidade como um projeto de cultura deve ser prioritariamente, uma cidade criativa, pois uma cidade criativa atrai pessoas criativas, pessoas criativas atraem mais pessoas criativas e essa roda de atração se torna cíclica e crescente. Queremos ir aonde estão as coisas de que gostamos ou que passamos a conhecer e gostar. Nesse processo atrativo é válido ressaltar que pessoas criativas juntas possuem um potencial enérgico transformador. Nesse sentido, é preciso ter consciência de que a união da criatividade diferenciada atrai indústrias criativas e impulsiona a economia da cultura em diversos níveis, o que por sua vez retorna para a base criativa inicial renovando-a. Fica a dica!
Ana Regina Rêgo
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