Eu me despi do corporativismo comum a classes. Compreendo, no entanto, que os servidores públicos estejam indignados com o desabafo de Lula contra os "concursados" na resposta dada aos procuradores que o investigam, dos pés à cabeça (coisa que não se faz com um Serra, um Aécio, um Jucá, um Padilha, um FHC).
Já passei pelo Poder Judiciário (oportunidade em que um juiz federal me disse que pauleira não é estudar e passar em concurso público; pauleira é se candidatar a vereador, prefeito, deputado, senador ou presidente). O eleito, mesmo que não seja ladrão, está condenado a ser tratado, por servidores públicos e outras categorias, como a pior raça de ser humano: o político.
Eu trabalho na Câmara dos Deputados desde 2005, antes fui policial federal. Há 11 anos acompanho discursos e votações. Faço parte de uma pequena e agradável turma de sumaristas. Por causa do concurso, tenho estabilidade e salário na conta sem atraso. Em relação ao deputado que está lá na tribuna falando para os seus eleitores (que poderão não ser mais seus eleitores em 2018), a minha vida é infinitamente mais mansa do que a dele. Claro que o mínimo de poder é fascinante. Há concursados, como os procuradores, que têm poder e querem mais.
Ao político, vai terminar sobrando só o discurso, e olhe lá. Os procuradores da Lava-Jato trabalham para que Lula se cale em vida para sempre, tratado e condenado como o "comandante máximo" da "propinocracia". O que eu diria se estivesse no lugar do ex-presidente? Sei lá, melhor me calar.
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Mauro Sampaio - jornalista, nas redes sociais.
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