Bom dia carissímxsleitorxs! Depois de uma semana de ausência por conta dos eventos em que estive envolvida, retorno falando de nós que trazemos a marca da diversidade em todos os gêneros e da falta de respeito de uns para com os outros. Já debati muito este assunto neste espaço opinativo, sobretudo, quando relacionado à violência contra a mulher, muitas vezes considerada pela própria mulher como a responsável pela violência que sofre.
Contudo, a origem da violência machista plantada e acolhida pelas próprias mulheres, vem de longe e encontra-se arraigadana história da humanidade no ocidente e no oriente; e, sempre que há uma reação forte, como a encampada pela juventude atual, o pensamento dominante e conservador trata de trazer para as suas fileiras de defesa, pessoas cujo lugar de origem é o ambiente das próprias vítimas, alargando o conceito de hegemonia e trazendo um discurso de credibilidade, em que os próprios pares se desqualificam. No caso de nós mulheres, isso é visível todas as vezes em que denegrimos a própria mulher e nos tachamos de putas e outras denominações depreciativas. Todavia, ninguém sequer chega a problematizar o fato de estarmos nos atacando e defendendo uma ideologia machista e impositiva.
De todas as questões regulatórias que incidem sobre o ser humano em sociedade a mais difícil de perceber e de transpor é o direito ao próprio corpo, sobretudo, se esse corpo é feminino, ou carrega em si, uma essência do feminino.
O poder feminino sempre foi temido por homens e por mulheres. Desde sempre as pessoas que ocupavam posições de poder nas religiões se dispuseram a ditar o lugar do feminino e, embora discursivamente, algumas religiões coloquem o feminino no lugar da pureza, na prática nos afastam de todo e qualquer lugar de pureza, e, principalmente, limitam a expressão do nosso poder ao espaço de obediência cega e não de decisões. Na esfera social, à mulher sempre coube as tarefas de gerenciamento do doméstico, da vida e da educação dos filhos. Aos homens o espaço público, inclusive para dispor de seus corpos como bem entendem, podendo inclusive fazer “xixi” no meio da rua ( coisa mais normal e corriqueira).
Mas as mulheres tem se rebelado em muitos momentos e algumas conquistas podem ser elencadas, e atualmente estamos disputando alguns espaços, todavia, ainda bem distantes de ameaçar qualquer hegemonia masculina.
Na verdade hoje, estamos novamente em grande espaço de disputas pelo direito ao próprio corpo. Direito esse subjugado e limitado pela ação das religiões e da legislação, mas, sobretudo, pela vigilância dos conservadores de plantão, que em coro parecem tributar suas infelicidades à felicidade de quem tem a coragem de dispor do próprio corpo. Em nome da moral e dos bons costumes presenciamos agressões de toda natureza em todas as esferas, sobretudo, quando alguma manifestação de afeto acontece em espaço público entre pessoas do mesmo sexo, ou quando alguma manifestação de nudez ganha projeção.
Hipócritas de plantão que dizem não condenar o amor entre pessoas do mesmo sexo, mas que refutam e se enfurecem quando qualquer manifestação de afeto como mãos dadas, beijos e carícias acontecem em espaço público, sobretudo, quando também ocupados pela família brasileira, hoje tão defendida. Para esses, só os heterossexuais possuem esse direito.
Hipócritas de plantão que não conseguem ver que o amor e a amizade não se restringe ao ambiente heteronormativo, mas se espalha por todxs e se estabelece onde encontra carinho e abrigo.
Hipócritas de plantão que não desejam que seus filhos e filhas presenciem cenas de carinho ou de nudez no Parque da Cidadania, onde o movimento Salve Rainha se encontra rompendo com os ditames conservadores sociais através da arte e da aceitação do outro. Contudo, hipócritas que permitem que seus filhos e filhas assistam a programas televisivos onde a mulher é explorada como objeto sexual, ou, que acham lindo quando suas crianças imitam dançarinas em posições muito mais sexuais do que sensuais. E ainda, adoram compartilhar entre amigos homens, cenas de sexo ou fotos de mulheres nuas nas redes sociais, porque no ambiente masculino e no privado, pode.
Hipócritas de plantão que defendem a maravilhosa família brasileira (formada por um casal heterossexual) muitas vezes mantida na base da aparência ou do subjugo masculino. Muitas vezes mantida na base da violência contra o lado mais fraco e que não possui somente a forma de violência física, mas também moral e psicológica. Hipócritas que defendem a família formada por heteros porque é a família normal. Ora e o que é normal?
Os que não possuem argumentos, sejam eles filosóficos, sociológicos ou históricos colocam para Deus a responsabilidade. E assim, dizem;_ normal porque foi assim que Deus deixou, um homem e uma mulher. Ora quem disse que Deus assim deixou o amor,não conhece a transcendência do amor, não conhece a história da própria religião que pratica, não conhece a construção discursiva que tem deixado as mulheres em condição inferior ao homem, simplesmente, porque acham que Deus deixou. Deus coitado, tem sido a desculpa para todos os atos de maldade entre humanos, inclusive, as guerras que devastam populações inocentes ainda em pleno século XXI.
Minha dica hoje vai para todxs: VIVAM e deixem viver! AMEM e deixem amar!
Ana Regina Rêgo
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.