A crise de abastecimento de água em Teresina foi tema do discurso do deputado estadual Cícero Magalhães (PT), que é contra a municipalização do sistema e avalia como ilegal a proposta de concessão de 30% dessa atividade para a iniciativa privada.
"Nós já havíamos aprovado requerimento convidando o presidente da Agespisa (Raimundo Neto) para explicar a situação da empresa e mais uma vez aprovamos requerimento de igual teor...", reclamou o deputado, alertando que hoje o problema na Agespisa não é mais só a falta de água, mas a proposta de concessão para a inciativa privada de 30% do abastecimento da capital, compreendendo a região Sudeste e Grande Codipi.
Já fui vereador dessa cidade e sei que lá na Grande Codipi houve a concessão para a Agespisa para gerenciamento do abastecimento. Será que a Câmara Municipal de Teresina vai ficar calada. Eu mesmo respondo: não pode ficar. Lá é uma concessão para que a Agespisa faça esse abastecimento da região. Quando estive na Câmara, votei contra a municipalização do abastecimento", disse.
Magalhães lembra que a Agespisa nunca viveu um mar de rosas, mas que a dívida da empresa foi incorporada em governos passados, embora ainda não tenha sido possível resolver todos os problemas da companhia.
"No governo Wellington Dias, foram feitos quase 7 Km de adutora na Vila Irmã Dulce... na Vila Risoleta Neves o problema de desabastecimento foi resolvido. Na zona Norte faltava água quase todos os finais de semana. Na Grande Codipi vivem mais de 65 mil pessoas. Junto com o Jacinta Andrade são quase 90 mil pessoas, que vivem o problema de abastecimento de água. Ali só um novo sistema de abastecimento vai resolver o problema", acredita.
O presidente Themístocles Filho (PMDB) lembrou que o presidente da Agespisa vai deixar o cargo no início de dezembro e quando isso ocorrer um novo presidente será indicado e sabatinado pelo Legislativo. "Enquanto isso, Raimundo Neto ou outro diretor da empresa poderá comparecer à audiência pública para ouvirmos dele qual a real situação da Agespisa.
"Nesse momento, é mais do que necessário alguém da Agespisa dizer o que está acontecendo", acrescentou Magalhães.
A deputada Margarete Coelho (PP) ressaltou que o pedido de exoneração de Raimundo Neto aguarda apenas a indicação de um substituto. "A questão é de saúde de uma pessoa da família".
"Não necessariamente o presidente terá que vir, até porque ele responde interinamente pelo cargo, já que ele apresentou o pedido de exoneração... mas vale ressaltar que a proposta que está colocada é a realização de algumas obras relacionadas às atividades meio e não à atividade fim, mas é importante que a Agespisa faça esses esclarecimentos", afirmou Margarete Coelho.
Rejane Dias (PT) também pediu a palavra para destacar a importância da discussão da crise na Agespisa. "Os servidores estão apavorados com a situação e com a informação de que parte dos serviços da empresa será terceirizada. Se há a concessão pelo município dos serviços de abastecimento e esgotamento sanitário de áreas da capital, haverá muita polêmica em relação a proposta de tercerização".
Cícero Magalhães advertiu que serão 30 anos de concessão dos serviços, com 50% do bolo da arrecadação sendo destinados às empresas terceirizadas. "Trabalhei na iniciativa privada e sei que lá ou dá lucro, ou dá lucro".
Contra a terceirização, o deputado Antonio Félix (PSD) citou o ditado popular de que "não se pode matar o boi para acabar com o carrapato".
O deputado Antônio Uchôa (PDT) acredita que o Governo do Estado vai adotar providência para contornar a crise na Agespisa sem a privatização de um setor que dá lucro e ajuda a pagar o abastecimento de outras cidades.
"As receitas da Agespisa não cobrem suas despesas e a cada mês essa divida vai aumentando. É preciso adotar providência para resolver a crise na empresa... O governador vai buscar alternativas, como fizeram outros governadores, para solucionar o problema da empresa", concluiu.
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