Houve um tempo em que, nos meses de maio e junho, os céus de Teresina ganhavam novas cores: eram as pipas bailando nos deslimites do azul.
Qualquer menino, com talos de buriti, papel seda, linha e grude, fazia sua pipa. Como tudo na cidade transitória, as pipas desapareceram.
Nos semáforos, vendem-se arremedos do brinquedo: corujas, águias e morcegos (made in China) Dia desses, para festa dos meus olhos, na Praça do Marquês, encontrei um solitário vendedor de pipas que, pelo ar de desalento, parecia não ter vendido nenhuma. Parei o carro e comprei quatro: vinte reais.
Eu e dona Purcina sabemos por quê.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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