Dia desses, visitei São Raimundo Monato, sentei-me na cadeira preferida de dona Purcina e as lembranças , sem pedir licença, adonarsm-se de mim.
Quando a Matriarca mudou-se para a cidade (1952),construiu sua casinha num ponto equidistante entre o Ginásio Dom Inocêncio e o Grupo Escolar Pe. Domingos da Conceição. Assim, poderia a companhar a trajetória dos filhos rumo à escola. Não nos queria tresmalhados. Para sobreviver na cidade estranha, fez-se doceira e ganhou o apelido carinhoso de "Tia". Como no ginásio não havia cantina, na hora do recreio, a casa da "Tia" convertia-se no local de encontro dos estudantes. Seu Liberato,que detestava multidões, afirmava: "Isto aqui é a Estação da Luz", uma boa metáfora.
O certo é que, a qualquer hora, havia sempre muita gente na casa da Matriarca. À noite, vizinhos, amigos, parentes e aderentes disputavam os bancos e tamboretes na calçada da casa. Além da boa prosa, havia sempre um cafezinho, uma fatia de doce, um afago... Dona Purcina era, por temperamento, uma agregadora. Hoje, sentado na cadeira da Matriarca, espero inutilmente o cafezinho que não virá e aquele sorriso de "eterna festa"que só existe em minha memória.
Irmãos e irmãzinhas, eu vos asseguro: envelhecer dói.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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