Olavo Pereira da Silva era uma campo-maiorense com jeitão de mineiro. Falava pausadamente como se procurasse aferir o peso semântico das palavras para melhor empregá-las. Era arquiteto, urbanista, especialista em restauração e conservação de imóveis de valor histórico. Com “ardente paciência”, estudava, pesquisava, buscava as melhores soluções para os trabalhos que realizava. Entre os livros que publicou, destacam-se: Arquitetura Brasileira no Maranhão; Azulejos e Varandas de São Luís do Maranhão e Carnaúba, Pedra e Barro na Capitania de São José do Piahuy, este último um primoroso estudo sobre técnicas construtivas em nosso estado.
Tive a felicidade de fazer algumas viagens com o Olavo em visitas a casarões perdidos nos sertões do Piauí. Numa dessas investidas, visitamos o casarão da Fazenda Serra Negra em Aroazes (PI), uma das mais belas edificações do Piauí Colonial. O arquiteto ficou extremamente preocupado com o que viu: um casarão prestes a desaparecer.
Durante a viagem, paramos em algumas fazendas para ver o estado de conservação das casas antigas. Em seguida, o arquiteto discorria, com naturalidade, sobra o imóvel visitado. Esse material precioso foi apresentado em duas edições do programa “Feito em Casa”, na TV Cidade Verde.
Olavo Pereira sai de cena sem ver realizado um sonho acalentado por ele e por um punhado de intelectuais piauienses: a construção do Memorial Francisco Pereira da Silva na casa velha, em Campo Maior, onde o dramaturgo nasceu.
Quando soube do silêncio do velho companheiro, nessa segunda-feira, 24 de julho, pensei em escrever um apelo patético aos amigos mais amados, com o seguinte título: POR FAVOR, PAREM DE MORRER!
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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