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cantidiosfilho@gmail.com

27/09/2023 - 08h00

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27/09/2023 - 08h00

CRÔNICA DE VESTIÁRIO

 

Gabriel Neves, volante do São Paulo

 Gabriel Neves, volante do São Paulo

Não é muito comum entre atletas de futebol encontrarmos algum pendor linguístico mais apurado (as razões disso requerem análises, as quais me eximo agora, valendo-me apenas da constatação). O volante do São Paulo, Gabriel Neves, publicou um texto, que surpreende, mesmo com o tom motivacional e autoindulgente, resultou bem colocado. Foi escrito no calor da hora, antes da 1ª partida da final da copa do Brasil, em que o tricolor sagrou-se campeão, despachando o Flamengo.

Gabi Neves é uruguaio, não sei se o texto foi traduzido ou se ele já domina a língua portuguesa; só sei que gostei da jogada verbal, e mais ainda, do nosso título, claro.
a crônica do craque: 

“Consciência. Estou sentado no vestiário, antecipando uma final de Copa que o time nunca ganhou. Sem fones de ouvido, escrevendo, olhando de soslaio para os colegas, observando-os se prepararem para algo tão lindo que vai começar daqui a pouco. Já fui criança, ainda sou, e sonhei com muitas coisas, uma delas era jogar futebol, com estádio cheio, vencer, ser campeão. Sou grato porque desde criança tive essa possibilidade, como profissional também. Aqui hoje, para começar uma nova aventura, para sair para lutar por mais um campeonato.

Alguns rezam, outros ouvem música, outros se aquecem, riem, e eu observo cada um à sua maneira aproveitando uma linda oportunidade que a vida nos deu. Começou há muito tempo, nunca vai acabar, aquela ilusão de conquistar algo que tanto queríamos e que muito fizemos para merecer. É bom ver meus colegas se divertindo depois de tantas críticas, depois de muitas coisas que tivemos que passar e é bom saber que posso ter consciência de tudo isso.

Tenho total confiança que vamos vencer, que vamos conquistar isso e que seremos mais felizes do que já fomos. O futebol às vezes ajuda e às vezes dá, a vida é assim. Hoje, antes do primeiro jogo no Maracanã tenho MUITA CERTEZA que isso vai acontecer, dessa vez será nosso. Enfim, aquela criança que sonhou com muitas coisas, está aqui hoje, para curtir mais uma final, para curtir mais uma vez um presente da vida, algo pelo qual serei grato por muito tempo, algo que me permite saber o que fiz ... coisas boas.

Sou eu, quem me conhece me ama, muitos que não me conhecem me odeiam, me criticam, me julgam ou falam muitas coisas que acham que sabem, mas quem está aqui hoje sou eu.

Termino de escrever às 14h39, no vestiário, onde tudo começa.

OBRIGADO.”

*****
Feliciano Bezerra, professor doutor da UESPI - nas redes sociais. 

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