Segundo Oscar Niemeyer, que viveu mais que a maioria dos mortais (105 anos), “o ruim de envelhecer é ir perdendo os companheiros de jornada”.
Hoje me sinto triste de não ter jeito com a notícia do silêncio de João de Deus Neto, mais conhecido como “Netinho”. Natural de Campo Maior, Neto começou a fazer reinações muito jovem: tocava, desenhava, pintava o sete... Estudou pouco, mas aprendeu muito com a vida. Durante alguns anos morou em Teresina onde participava de tudo o que acontecia na chapada. Migrou para o Rio de Janeiro onde trabalhou na Editora Artenova e nalgumas agências de publicidade.
Juntos, fizemos algumas reinações. A primeira delas, uma página de humor – “Feira Livre” – no Jornal O Estado. Editamos livros, fizemos exposições e um jornalzinho bem bonito denominado “Correio Corisco”. Netinho fazia quase tudo: diagramava, ilustrava, escrevia pequenos textos. Mais tarde, Netinho foi morar em Curitiba, onde mantinha uns dois blogs muito agudos.
Quando decidi fazer o programa “Feito em Casa” (2013), convidei-o para fazer a logomarca do programa, que mantenho até hoje. Neto, atento à minha feiura, fez dezenas de caricaturas minhas, algumas bem melhores que o original.
Sequestrado pelo Mal de Alzheimer, Netinho passou os últimos anos de vida alheio aos rumores do mundo. Sem ele, jogando pela esquerda, nosso time fica mais vulnerável.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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