Por amor à verdade, nunca tive maior interesse pelos conchavos, perdão, conclaves que se realizam no Vaticano. Até onde sei – e sei muito pouco – o jogo é bruto e, por vezes, bastante desleal. Deixemos de arenga e vamos ao que interessa: calou-se Francisco, uma voz reconhecível.
Ao assumir o trono de Pedro em 2013, Jorge Mario Begoglio surpreendeu a todos por duas razões: a primeira, escolher o nome de Francisco, o primeiro na longa prevalência de joões, pios, leões, etc. ; a segunda, declarar-se “um papa do fim do mundo”, algo que não combina com a arrogância dos argentinos.
Com “ardente paciência”, Francisco foi impondo o seu jeito de governar. Abdicou das pompas e regalias e dirigiu o olhar aos deserdados e desvalidos da terra. A ala mais conservadora da igreja nunca lhe perdoou os avanços; a mais progressista queria mais, muito mais...
Em dois momento, identifiquei-me profundamente com Francisco: a primeira, quando deu uma palmada no braço da cidadã que lhe segurou a mão por mais tempo do que seria recomendável; a segunda, quando afirmou que se alguém lhe xingasse a mãe, socaria o atrevido. Finalmente, um papa humano, demasiadamente humano.
O mais é do conhecimento de todos: condenou a violência, a brutalidade, o preconceito. Como bom pastor, defendeu o diálogo, a concórdia, a paz. Convenhamos que não é pouco. Parafraseando o velho bolero: sem Francisco, perdemos nós.
*****
Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.