Se, do lado de fora, o Maracanã ainda é um canteiro inacabado de obras, do lado de dentro o estádio, já pronto para a Copa das Confederações, receberá duas equipes de primeira linha. Elencos de peso em uma construção que já consumiu R$ 1,15 bilhão em recursos públicos desde 2010: somados, brasileiros e ingleses — que estão desfalcados de várias estrelas — valem R$ 2 bilhões no mercado da bola, segundo estimativas do portal especializado “Transfermarkt”.
Preocupados em estabelecer uma base renovada para a Copa do Mundo, Luiz Felipe Scolari e Roy Hodgson convocaram atletas jovens e muito valorizados. Três dos jogadores que estarão em campo hoje estão entre os dez mais caros do planeta: sozinhos, Neymar, Hulk e o atacante Wayne Rooney, da seleção inglesa, são cotados a R$ 500 milhões. Rooney, inclusive, é apontado pela “Transfermarkt” como o quarto jogador mais caro do mundo, atrás apenas de Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Andrés Iniesta.
Curiosamente, porém, o retrato financeiro não reproduz de forma fiel os desempenhos das seleções em campo, nos últimos anos. Terceiro elenco mais valioso da atualidade, o Brasil (atrás da Argentina de Lionel Messi e da Espanha) está em 19º lugar no ranking da Fifa. A Inglaterra, sétima do ranking, está atrás da modesta seleção de Montenegro nas eliminatórias europeias para a Copa do Mundo.
— Os ingleses são como os brasileiros. Estão loucos, ansiosos para que ganhemos a Copa do Mundo. Foi uma frustração, como jogador, não conseguir sucesso com a seleção — avalia o veterano Gary Neville, que jogou no Manchester United por 18 anos e hoje integra a comissão técnica de Roy Hodgson.
Desvalorizado no mapa da bola, com jejum de vitórias sobre rivais expressivos, o Brasil se mantém em alta no plano das finanças. Se a Argentina não tivesse Messi, que sozinho é estimado em R$ 320 milhões, o Brasil só perderia no “Transfermarkt” para a Espanha. Os 26 jogadores pré-convocados por Vicente del Bosque para a Copa das Confederações são avaliados em R$ 1,9 bilhão, pouco menos que o preço de ingleses e brasileiros somados.
O apelo à juventude
A necessidade de apagar anos desastrosos fez com que Brasil e Inglaterra se renovassem. De amarelo, há Oscar, Lucas, Neymar e Leandro Damião, expoentes da nova geração do país. De branco, agora com a logomarca da Nike no peito, restam poucos nomes consagrados. A polêmica dupla de zaga Terry e Ferdinand se despediu, e Beckham, Scholes e Neville deixaram o futebol. Eterna promessa, Michael Owen se aposentou. Restam o lateral Ashley Cole, o apoiador Frank Lampard e Wayne Rooney — que tem 27 anos — além do capitão Gerrard, lesionado.
A partir da Copa do Mundo de 1998, aos poucos a seleção inglesa foi rejuvenescendo, mas em 2010 foi a segunda mais experiente do Mundial, com média de 28,4 anos, só atrás do rival de hoje, o Brasil, com 28,7 anos. Foi eliminada nas oitavas de final pela Alemanha.
Depois de 2010, a Inglaterra passou por mudanças. Saiu o criticado (e caro) Fabio Capello, entrou Roy Hodgson, que está sem cinco jogadores no Brasil, entre os quais jovens como Carroll e Sturridge, ambos lesionados. A média de idade da equipe inglesa no Brasil, composta de 19 jogadores (como Theo Walcott, do Arsenal, e o goleiro Hart, do Manchester City), é de 27,5 anos; a nova família de Scolari é ainda mais nova, com média de 26,6 anos.
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