Facebook
  RSS
  Whatsapp
Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Notícias /

Esporte

26/06/2013 - 12h49

Compartilhe

26/06/2013 - 12h49

Com Palmeiras como Brasil, Uruguai estreou no Mineirão levando 3 a 0

A antiga Confederação Brasileira de Desportos pagou Cr$ 18 milhões ao Verdão para que seu time, conhecido como Academia de Futebol, representasse o Brasil diante da Celeste.

 Gazeta Esportiva

Verdão representou a Seleção e venceu com tanta facilidade que usou até goleiro reserva (Foto: Fernando Dantas / Gazeta Press

 Verdão representou a Seleção e venceu com tanta facilidade que usou até goleiro reserva (Foto: Fernando Dantas / Gazeta Press

Os uruguaios se baseiam na vitória sobre o Brasil na final da Copa do Mundo de 1950, com o Maracanã lotado, como motivação para a semifinal da Copa das Confederações deste ano. Mas o único jogo dos bicampeões mundiais no Mineirão não tem nenhuma boa lembrança: perderam por 3 a 0 quando a Seleção nem teve convocados, sendo representada inteiramente pelo Palmeiras.

O duelo foi um amistoso ocorrido em 7 de setembro de 1965. A Confederação Brasileira de Desportos (CBD, antecessora da CBF) pagou Cr$ 18 milhões ao Verdão para que seu time, conhecido como Academia de Futebol pela qualidade de seu futebol, representasse o Brasil diante da Celeste.

O jogo foi o primeiro da Seleção Brasileira no Mineirão, que abrigou sua primeira partida dois dias antes, em vitória por 1 a 0 de um selecionado mineiro que contava com nomes como Tostão e Dirceu Lopes diante do River Plate, da Argentina. A preliminar do duelo envolvendo Brasil e Uruguai, também em 7 de setembro, foi uma goleada por 5 a 2 do América-MG sobre o Uberaba.

Jornal "A Gazeta Esportiva" destacou a vitória brasileira no único jogo do Uruguai no Mineirão (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Convidados, os uruguaios foram simpáticos usando braçadeiras verdes e amarelas para homenagear a independência do Brasil, celebrada naquele dia. Em campo, se armaram defensivamente com quatro zagueiros, um líbero e um trio de meio-campista que pouco atacava. Mas não conseguiu segurar o Palmeiras vestido de amarelo.

“Periquito deu uma de canarinho” e “Palmeiras foi grande como o Brasil” foram as expressões usadas pelo jornal A Gazeta Esportiva para definir o desempenho do time. “O Palmeiras, sem exibir o futebol que lhe legou a denominação de ‘Academia’, teve méritos suficientes na vitória e o adversário não exigiu mais dos companheiros de Djalma Dias”, diz a edição de 8 de setembro de 1965.

O jornal destacou principalmente a atuação do lateral direito Djalma Santos, em seu 90º jogo pela Seleção, que arrancou “aplausos da torcida com aquelas jogadas onde o adversário é desfeiteado pela sua habilidade em conduzir a bola, abusando dos ‘chapéus’”. Naquele 7 de setembro, o bicampeão mundial teve nomes como o goleiro Valdir Joaquim de Moraes, o volante Dudu, o meia Ademir da Guia e o ponta Julinho Botelho como companheiros.

O placar de 2 a 0 no primeiro tempo foi conquistado, segundo a publicação, de forma “fácil”, já que os brasileiros eram “donos das ações”. Os gols foram descritos com detalhes. Aos 27 minutos, “Julinho, na ponta direita, centrou para a área onde pularam Tupãzinho e Cincuneguim, enquanto o ponteiro Rinaldo fechava pelo seu setor. O zagueiro uruguaio desviou a bola com a mão, originando a penalidade máximo que Rinaldo converteu no gol do Palmeiras”. Aos 35, “ataca o grêmio esmeraldino pela esquerda. Rinaldo centra, com Servílio e Manicera indo para o lance. O zagueiro uruguaio rebate com defeito, aparecendo Tupãzinho na corrida para arrematar, violentamente”. Três minutos depois, o árbitro carioca Eunápio de Queiroz ainda ignorou pênalti de Nunez em Ademir da Guia.

“O Palmeiras atuou tranquilo, teve possibilidade de dar folga a vários de seus titulares ao mesmo tempo em que movimentou os reservas que precisam ganhar uniformidade com os demais companheiros”, escreveu A Gazeta Esportiva. Até o goleiro Picasso, que só treinava, entrou em campo, além de reservas improvisados em outras posições.

Mesmo com seis substituições depois do intervalo, o Verdão balançou as redes mais uma vez. Aos 29 minutos, “Dario luta com Manicera, junto à lateral. O uruguaio consegue rebater, mas a bola ficou nos pés de Germano, que, ‘do meio da rua’, arremata violentamente aumentando a vantagem, com culpas para o goleiro Fogni, que entrara momentos antes para substituir a Taibo.”.

Na época, existiam dúvidas se aquele jogo entraria na lista de partidas disputadas pela Seleção Brasileira, mesmo com o Palmeiras jogando com a camisa amarela. Mas o caráter do duelo ficou claro logo quando o time se perfilou. “Vicente Feola posou ao lado de Filpo Nuñes na formação da equipe ‘palmeirense-canarinho’. Era mais um sinal da forma oficial com que a CBD encarava a partida, mandando ao estádio o seu técnico oficial, para, com sua presença, homenagear Filpo Nuñes”, descreveu A Gazeta Esportiva. O argentino Filpo Nuñes é, até hoje, o único estrangeiro a comandar a Seleção Brasileira.

Os mineiros também adotaram o Verdão como Brasil. A imprensa local, por exemplo, passou boa parte do primeiro tempo pedindo para que o atacante Dario, nascido no estado, posasse ao lado de Filpo Nuñes no banco de reservas, já que não era titular. E “a plateia local vitoriou o Palmeiras como representação do Brasil”, como escreveu A Gazeta Esportiva. A esperança brasileira é de que o mesmo ocorra nesta quarta-feira.

Gazeta Esportiva

Comentários