Na contramão do anúncio do reitor Luiz dos Santos Júnior, a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi) - entidade que articula a greve dos professores universitários no Estado - afirmou que o movimento será intensificado. O presidente da representação, Mário Ângelo, rebateu as declarações do reitor e confirmou que os docentes pedirão a suspensão e reformulação do calendário acadêmico deste ano. Segundo ele, "a greve é legítima e continua forte".

De acordo com o comando de greve, a nota divulgada pelo Ministério da Educação distorce informações e leva os alunos a compreenderem que o movimento terminou. "Os professores decidiram pela continuidade da greve e a intensificação do movimento para que o governo reabra as negociações com a categoria", ponderou Mário Ângelo, acrescentando que a medida do MEC também "desconsiderou os resultados das assembleias de professores de diversas instituições do país".

A professora Valéria Silva, integrante do comando local de greve, ressalta que a proposta apresentada pelo governo não atende pontos-chaves das reivindicações da categoria. Entre eles, a reestruturação da carreira e melhorias nas condições de trabalho. A decisão dos docentes da Ufpi converge com as aprovações do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que se recusaram a ratificar a proposta do governo federal e orientaram as bases a endurecer o movimento.

No calendário de paralisação piauiense, os professores da Ufpi se reúnem na manhã desta terça-feira, dia 14, para construírem uma contraproposta. Os resultados serão apresentados ao comando nacional de greve. Na quinta, dia 16, uma assembleia comunitária será realizada em protesto contra reunião do Conselho Universitário, que define nesta data um novo calendário acadêmico. "Apenas as assembleias dos professores podem suspender a greve", criticou Mário Ângelo.

A greve do ensino superior já dura três meses e atinge 57 instituições em todo o país. No Piauí, além da Ufpi, o Instituto Federal do Piauí (IFPI) também está com atividades paralisadas.