O julgamento pela briga entre corintianos e vascaínos em Brasília, há uma semana e meia, pode se transformar em uma pedra no sapato nos planos do Corinthians para o Campeonato Brasileiro.
Ciente de que não deve escapar de algum tipo de gancho, o clube tenta ao menos amenizar sua pena argumentando que não foi responsável pelo evento, ressaltando que mantém distância econômica das organizadas.
A questão será analisada pelo STJD nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, e pode decidir o futuro do Corinthians na competição. O clube paulista, juntamente com o Vasco, foi indiciado no artigo 213 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que trata de desordens no estádio ou em seus arredores. A pena prevista é uma multa de R$ 100 a R$ 100 mil e de um a dez mandos de campo.
O Corinthians argumenta, fundamentalmente, que não teve responsabilidade sobre o evento e que a identificação dos infratores serve ao menos como atenuante. No primeiro item, deve usar como evidência a nota oficial do clube, em que se descarta qualquer relação econômica entre o clube e a torcida.
"O Corinthians deixa claro mais uma vez que não paga, dá ou subsidia ingresso e/ou viagem de qualquer torcedor a jogos do time", disse o clube, ao se pronunciar sobre a polêmica. A ideia é que, como não bancou a presença dos torcedores e não tem nenhum controle sobre a segurança do estádio, o Corinthians não pode ser penalizado pela confusão, já que o mando de campo era do Vasco.
A identificação dos torcedores brigões também deve pesar favoravelmente, espera o clube, como prega o próprio CBJD. Os advogados do Corinthians devem incluir em sua defesa o inquérito aberto pela polícia do Distrito Federal, que cita nominalmente alguns dos envolvidos.
Entre eles estão três torcedores que estiveram presos por meses na Bolívia e um vereador de Francisco Morato (SP). Todo o esforço, porém, será focado na redução da pena, que é vista pelos próprios corintianos como algo inevitável.
"O Corinthians deve ser punido até pela pressão que se criou. Com certeza deve perder algum mando de jogo", disse Luiz Alberto Bussab, diretor jurídico do clube. A visão no Corinthians é que o clube, mais uma vez, está servindo de bode expiatório.
Uma semana antes da confusão entre corintianos e vascaínos, são-paulinos e flamenguistas também protagonizaram uma confusão grave, com direito a um ferido com caso grave, mas nenhum dos dois clubes foi levado ao tribunal.
Ao mesmo tempo, a organizada corintiana tem sido alvo de protestos e sanções mais pesadas que os brigões vascaínos, o que desperta incômodo nos dirigentes alvinegros, embora ninguém se manifeste publicamente sobre o assunto.
No tribunal, a aplicação da pena deve ser a maior discussão. O Corinthians rejeita veementemente a ideia de atuar com portões fechados. "A lei não prevê isso. É como dar pena de morte para quem roubou.
Por mais que você queira, isso não está previsto na lei brasileira", disse Bussab. O STJD, no entanto, cogita voltar a esse tipo de punição por conta do jogo ter ocorrido no Mané Garrincha, em Brasília. Obrigar a atuar longe de casa, então, poderia fazer os dois times atuarem justamente no mesmo palco da confusão. Para o Corinthians, ter público no estádio é a prioridade.
E o clube ainda quer adiar o cumprimento da pena. Segundo Bussab, o clube já vendeu ingressos para os próximos quatro jogos, o que impediria a aplicação da sanção. Com isso, no entanto, o gancho ficaria para a reta final do Campeonato Brasileiro, podendo interferir diretamente nos planos de Tite e companhia.
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