O soar dos sinos logo depois do domingo de páscoa não anunciavam algo bom para os católicos. No dia 21 de abril de 2025 o Papa Francisco dava seu último suspiro, depois de uma década à frente da Igreja Apostólica Romana. Mas o legado do argentino que inaugurou a história do papado latino-americano vai muito além de uma religião, Francisco é a voz de união, dos pobres, dos refugiados, dos marginalizados, respeitado por representantes e autoridades de todo o mundo, independentemente da vertente ideológica e religiosa.

Jorge Mario Bergoglio veio da periferia da Argentina para se tornar a autoridade máxima da Igreja Católica, religião que tem grande influência no mundo todo. Mas você não precisa ser católico para reconhecer a importância de Francisco, que tem seu legado marcado na defesa dos pobres, da paz de países em conflito e na renúncia de artigos luxuosos, preferindo o uso de adereços em latão em vez de ouro e a morada em um apartamento simples em Roma em vez dos palacetes da Igreja.

Papa Francisco trouxe não só para a Igreja, mas para o debate mundial, a reflexão sobre uma igreja, uma religião, uma sociedade renovada. Apesar do avanço de outras religiões em relação ao catolicismo no mundo, especialmente no Brasil, a figura do papa ainda é de um peso extremamente significativo para a opinião pública e para os líderes de todo o mundo.

O simples fato de o papa trazer em seu discurso o debate sobre os refugiados, sobre a fome no mundo, sobre os conflitos no Oriente Médio e na Guerra da Rússia/Ucrânia, repercute não só na sociedade, mas nas instituições como a ONU e nas próprias nações relacionadas aos temas.

A morte do papa mobilizou líderes de nações de todo mundo, a começar pelo presidente da Argentina, que em sua campanha presidencial tinha feito vários comentários atacando o pontífice, mas que logo depois se retratou. Javier Milei lamentou profundamente a partida de Francisco e decretou luto de sete dias no país.

Outros líderes mundiais emitiram comunicados lamentando a partida de Francisco, como o presidente Lula; o presidente da França, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez; a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen; primeiro-ministro indiano Narendra Modi; o presidente da Rússia, Vladimir Putin; e  presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, além de líderes de Israel, Palestina, dentre outros.

Francisco se vai mas deixa um legado não só para os católicos, mas para pessoas de todo o mundo, de todas as religiões. Que é preciso ter compaixão e amor ao próximo, diminuir as desigualdades sociais, cultivar a paz, entender as diferenças e acolher as diversidades. Falou inclusive da necessidade de desmasculinizar a Igreja e dar mais protagonismo às mulheres.

Francisco abriu portas para o papado latino-americano. Um representante latino no centro da Europa, no centro do mundo. Francisco é pura história. É um marco para antigas e novas gerações. É o futuro do presente que queremos para a Igreja e para o mundo. Vá em paz, pontífice. Obrigada por tudo.