A presidente Dilma Rousseff quebrou nesta semana o recorde de viagens nacionais feitas desde que assumiu o cargo. Com as idas a Aracaju (SE) e São Bernardo do Campo (SP), ela completou 71 deslocamentos domésticos em 2013, dos quais 45 ocorreram no segundo semestre, após a onda de protestos nas ruas do País.
O número de viagens em 2013 supera o de 2011 (69) e o de 2012 (50) e será incrementado na próxima semana, quando estão previstos eventos em pelo menos quatro cidades: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Velho e Ji-Paraná (RO).
Apesar de dizer publicamente que não está preocupada com as eleições do ano que vem, Dilma decidiu intensificar o giro pelo País e tem trocado cada vez mais Brasília por cerimônias que ganham caráter eleitoral. Para o Planalto, são prioridades a entrega de casas do Minha Casa Minha Vida e de chaves de máquinas a prefeitos, além da divulgação de investimentos em obras de mobilidade urbana.
Nas viagens nacionais neste ano, a presidente tem privilegiado os grandes colégios eleitorais. Mais de um terço das viagens (30) foi para a Região Sudeste, a campeã das visitas e que, sozinha, tem 43% do eleitorado nacional. Depois, vem o Nordeste (20), que detém 27% dos sufrágios brasileiros. Trata-se, respectivamente, da primeira e segunda regiões com maior número de eleitores.
Os três Estados que ela mais visitou também obedece a essa lógica: são os três mais populosos e, consequentemente, aqueles em que se concentra o maior número de eleitores: São Paulo (14 viagens), Minas Gerais (8) e Rio de Janeiro (8). Juntos, agregam 41,2% dos eleitores do País. Reduto tucano.
Chama atenção o crescimento da presença de Dilma em Minas Gerais, reduto do senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB a presidente em 2014. Ela dobrou o número de viagens para lá neste ano. Foram 4 em 2012 e 8 em 2013.
Na próxima segunda-feira, ela retorna à capital mineira para anunciar investimentos em obras de mobilidade urbana, repetindo o que já fez em São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Curitiba e Guarulhos só neste ano. Antes, volta ao Rio para um evento promovido pela Bill Clinton Global Initiative no Copacabana Palace.
Uma análise nas agendas de Dilma fora de Brasília aponta uma mudança no seu perfil: no início do mandato, as viagens tinham um caráter mais institucional. Por exemplo, eventos promovidos por meios de comunicação e premiações. Agora, adquirem um contorno mais político-eleitoral. Dilma também reforçou a agenda na Região Sul, historicamente mais refratária ao PT. É a terceira região com mais eleitores: 14,6% do total. Foram 18 viagens à região em 2013, mais que em 2012 (5) e 2011 (9).
Na semana passada, Dilma entregou em São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina, 59 motoniveladoras e 10 caminhões-caçamba para prefeitos - foi a 14.ª entrega desse tipo em 2013.
As Regiões Centro-Oeste e Norte, que têm o menor número de eleitores do País - somadas, têm 14% do eleitorado - foram as menos lembradas por Dilma até agora neste ano: foi apenas uma vez ao Norte, quando entregou unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida em Belém. Em três anos de mandato, Dilma foi ao Centro-Oeste - sem considerar o Distrito Federal - em apenas três ocasiões e ao Norte, em seis.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) informou que as viagens da presidente "são programadas de modo a conciliar as disponibilidades de sua agenda com as ações de política pública que justifiquem sua presença, tais como inaugurações, lançamentos, vistorias". De acordo com a Secom, "à medida que o governo avança, mais entregas surgem à população, acompanhadas de pedidos da presença da presidente nessas cerimônias".
Em entrevista a emissoras de rádio de Minas, em outubro passado, a presidente negou estar em campanha. "Eu passo o dia inteiro fazendo o quê? Governando. Então, veja que não é uma questão que hoje possa me... para a qual eu possa destinar toda a minha atenção. Agora, eu respeito todos os contendores, todas as pessoas que pleiteiam, acho todos os pleitos extremamente legítimos. Agora, meu problema é governar, não é ficar preocupada com quem vai ser candidato", disse na época.
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