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Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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17/09/2015 - 14h03

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17/09/2015 - 14h03

“Nós sabemos o que falta: articulação política”, diz Wellington sobre crise

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Governador do Piauí Wellington Dias (PT) - Foto: Rogério Holanda

 Governador do Piauí Wellington Dias (PT) - Foto: Rogério Holanda

O site Brasil 247 publicou nesta quinta-feira (17) uma entrevista que fez com o governador do Piauí Wellington Dias (PT). O gestor falou da crise econômica e política. Segundo o petista, “não vai haver impeachment”. Confira a publicação na íntegra:

 

 

"A saída não é fácil mas é quase óbvia", disse o governador Wellington Dias, do Piauí, em entrevista ao 247. "O Brasil já percebeu que a crise é grave e quer esperança." Numa Brasília onde o governo e seus aliados se encontram, mais uma  vez, em clima de "Agora Vai", em função das propostas de ajuste econômico anunciadas na semana passada, Wellington passou os últimos três dias na capital federal, articulando o apoio dos governadores. No fim da tarde de ontem, o governador falou ao 247: 

 

Por que o senhor acredita que as propostas do governo podem ser aprovadas pelo Congresso?

 

Depois que o governo mandou uma proposta de orçamento para 2016 com um déficit de 30 bilhões de reais, ninguém mais tem o direito de dizer que não sabe que a situação é grave.

 

E isso é bom?

 

Essa situação obriga todo mundo a negociar. Não tem para onde correr. Você pode até discordar das propostas do governo, mas aí tem de oferecer uma alternativa.

 

Na prática, algum governador está contra as propostas de ajuste?

 

De uma forma ou de outra, todos apoiam. Mesmo aqueles que ficam em silêncio, por razões partidárias. Tenho conversado bastante mas só tenho notícia de um caso, o (Raimundo) Colombo, de Santa Catarina. Ele tem um motivo particular. Reconhece que a situação é grave mas assumiu um compromisso com seus eleitores de que não iria apoiar a criação de nenhum imposto ou tributo. Tem dificuldade, assim, de apoiar as propostas. Mas ele já deixou claro que compreende o que está acontecendo. 

 

Vocês querem aumentar a nova CPMF para 0,38%, quando a proposta original era 2%. Por quê?

 

A proposta original era 0,38%. Depois é que foi modificada para 0,20%. Queremos voltar aos 0,38% porque entendemos que não se pode pensar que só o governo federal tem obrigações a cumprir. Os governadores e prefeitos também têm suas responsabilidades. Em muitos lugares, vários pagamentos estão atrasados, inclusive de salários. A elevação da alíquota não é apenas justa, mas necessária. E a população vai compreender, na medida em que é informada da gravidade da situação.

 

Quando a economia começa a melhorar?

 

Quando o nível de emprego começar a subir. Por enquanto, está caindo. Quando começar a subir, der uma mexida para cima, mesmo que seja pequena, tudo se modifica.

 

Por quê?

 

Porque a população tem medo do desemprego. Claro que todo mundo tem medo da inflação. Mas tem um medo muito maior do desemprego.

 

E quando isso vai acontecer?

 

Não dá para saber. Mas há sinais positivos na economia, que podem permitir isso.

 

Quais sinais?

 

A balança comercial voltou a subir. As reservas também voltaram a crescer. A inflação parou em julho. Teve uma pequena queda em agosto. E é possível que essa queda se repita em setembro, até porque todo mundo já percebeu que não há demanda para pressionar os preços. Então, ela pode seguir em queda. Quando isso se confirmar, os juros podem começar a cair. Vai ser um novo sinal.

 

Nós estamos falando de ajuste mas nesta semana um setor da oposição está lançando um movimento pelo impeachment da presidente. O que vai acontecer?

 

O impeachment não vai acontecer. Porque nós sabemos que a presidente Dilma é uma pessoa honesta e não há nenhum motivo legal para que seja afastada do cargo.

 

Mesmo sabendo disso, eles falam em afastar a presidente...

 

Claro que falam. Mas as pessoas também têm consciência de que se você pode afastar uma presidente sem base legal, todos os mandatos do país estarão em risco. É uma péssima mensagem para o mundo e também para os brasileiros.

 

Quem vai se sentir ameaçado?

 

A começar pelos 27 governadores. Se a presidente pode ser afastada, quem vai impedir que outros governadores também sejam afastados, por maiorias políticas eventuais? Outro ponto é que não podemos esquecer que, em 2014, nós fizemos a maioria no país.

 

Como assim?

 

Muitas pessoas já esqueceram mas a verdade é que na última eleição não foi só a Dilma que venceu. Os candidatos aliados do governo venceram na maioria dos estados. Nós ganhamos. Veja no Piauí: dos 10 deputados federais, fizemos sete. Não foi assim em todos os lugares, claro, mas a eleição foi essa. Pode ter sido uma votação complicada, não foi com um único partido e muitas vezes até com candidatos adversários no plano local, mas o sentido era de apoio ao governo.

 

O que se deve fazer?

 

Nós sabemos o que falta: articulação política. É preciso sentar, conversar e negociar, com todo mundo. É complicado, não é fácil, mas pode ser menos difícil que parece.

 

Então por que ainda não aconteceu?

 

Nós já resolveremos o que queremos negociar. Agora vamos fazer a negociação. Isso envolve a articulação política. A presidente vai tratar disso daqui para a frente.

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