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Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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19/11/2015 - 16h53

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19/11/2015 - 16h53

Mulheres negras querem mais visibilidade e mais participação na política

A Marcha das Mulheres Negras faz parte das comemorações pelo Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

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Audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (Foto: Neblina Orrico)

 Audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (Foto: Neblina Orrico)

Um dia após a Marcha das Mulheres Negras em Brasília, que reuniu cerca de 30 mil pessoas ontem (18), as participantes da caminhada contra o racismo e a violência cobraram maior protagonismo político e visibilidade durante audiência pública promovida nesta quinta-feira (19) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH).
 

A audiência foi solicitada pela senadora Regina Sousa (PT-PI) que defendeu uma maior participação da mulher negra na política e na elaboração e condução de políticas sociais. "O debate é fundamental para aumentarmos a participação da mulher na política, principalmente da mulher negra", destacou. Regina Sousa lembrou que qualquer cidadão pode ter participação mais ativa nos trabalhos do Senado Federal por meio do Portal e-Cidadania, que está disponível na página www.senado.gov.br/ecidadania

 

O fim do racismo e do sexismo reproduzidos nos veículos de comunicação e a maior participação de negros em cargos de direção de órgãos públicos também foram reivindicações feitas durante o debate pelas integrantes da mesa.
 

Segundo Clátia Regina Vieira, coordenadora da Marcha, o conservadorismo do Congresso Nacional impede o avanço de políticas públicas e leis que permitam maior ascensão social dos negros. “Temos um legislativo hoje que tem em suas ações nos excluído, nos prejudicado e nos deixado à margem. Não vamos mudar a vida das mulheres negras, a vida do povo negro, se não ocuparmos cadeiras no Legislativo”, avaliou.
 

Mesmo sendo maioria da população (52%), os negros também ocupam poucos cargos de direção em empresas e órgãos públicos. A situação das cerca de 50 milhões de mulheres negras é ainda mais complicada, conforme apontou a ouvidora-geral da Defensoria Pública do estado da Bahia, Vilma Reis. “Nas 50 maiores empresas públicas e de capital misto do Brasil é uma vergonha. Não tem mulher negra nas gerências e diretorias”, criticou.
 

Violência
 

A Marcha das Mulheres Negras faz parte das comemorações pelo Dia da Consciência Negra, que é celebrado em 20 de novembro, e teve participação de manifestantes de diversas partes do país.
 

A violência crescente contra essa parcela da população é uma das principais preocupações das militantes. Segundo o Mapa da Violência de 2015, o assassinato de mulheres negras entre 2003 e 2013 aumentou 54,2%.
 

“Enquanto nós tivermos uma mulher negra vítima de violência não vamos nos calar”,  garantiu Clátia Regina.
 

Confronto
 

Dora Bertulio, da  Fundação Palmares, disse que os veículos de comunicação reforçam uma imagem de que a população negra é subalterna. Sônia Terra, do Instituto da Mulher Negra no estado do Piauí, concordou. Ela lamentou que o confronto ocorrido ontem entre participantes da marcha das mulheres negras com manifestantes pró-impeachment ganhou maior destaque na mídia do que as bandeiras das militantes. “A visibilidade foi dada pelas balas que nos desestruturam.  A mídia ignora e desrespeita a maioria da população”, afirmou Sônia Terra.
 

Dois policiais civis foram presos após o incidente. Pelo menos um dos detidos faz parte do grupo que está acampado em frente ao Congresso e pede a saída da presidente Dilma Rousseff. A senadora Regina Sousa (PT-PI), que presidiu a reunião, cobrou a retirada dos manifestantes. “São guardiões do Eduardo Cunha e estão ali para intimidar, amedrontar.  Vamos tirar aquele acampamento”, disse a parlamentar.

 

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