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Domingo, 24 de novembro de 2024
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13/10/2012 - 13h56

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13/10/2012 - 13h56

Em Teresina, mundo não acaba, mas deixa feridos

Ex-vigilante se dizia profeta e anunciava o apocalipse para esta sexta-feira.

 O Globo

 

O fim do mundo, aguardado para as 16h desta sexta-feira por 131 seguidores de uma seita criada pelo ex-vigilante de condomínio Luís Pereira dos Santos, de 43 anos, que se dizia profeta e há quatro anos pregava o juízo final, terminou em prisão. O “profeta” foi o primeiro a ser preso pela Polícia Militar (PM), dez minutos antes do horário previsto para o apocalipse, que invadiu uma das duas casas da seita no Parque Universitário, zona Leste de Teresina.

Cerca de mil pessoas cercavam o local conhecido como Arca e onde ficavam os considerados por Luís Pereira como puros de coração e amantes de Deus. A promessa era a de todos seriam arrebatados, tal e qual um anjo o teria informado há quatro anos. Por volta das 16h, horário marcado para o apocalipse, a população local começou a jogar pedras nas duas casas onde estavam os seguidores da seita e em 40 policiais da Tropa de Choque da Rone (Ronda Ostensivas de Natureza Especial), que já estavam no local.

Os policiais jogaram gás lacrimogênio, spray de pimenta e prenderam dez pessoas que revidaram com pedras e rojões contra a tropa de choque. Não demorou muito para o local se transformar numa praça de guerra. O tenente Tanaka Hitler disse que as pessoas queriam depredar a casa e linchar Luís Pereira dos Santos por ter retirado membros de suas famílias de casa, dos empregos e deixaram de garantir o sustento de suas famílias porque esperavam o fim do mundo.

O coronel José Albuquerque, coordenador de Operações Especiais da Polícia Militar, negociou com os seguidores da seita para que deixassem a Arca e voltassem pra suas famílias já que o mundo não tinha acabado.

O coronel José Albuquerque disse que Luís Pereira foi levado para a Central de Flagrantes de Teresina para ser interrogado e indiciado por crimes que ainda estavam sendo tipificados.

Entre os detidos estavam José Walter Rodrigues Pereira e K.S.C., acusados de jogarem pedras na tropa de choque da Polícia Militar. Também foram detidos o ajudante de pedreiro Ronaldo Duarte de Oliveira, de 26 anos, e o carroceiro José Ronaldo Ferreira por conflito com policiais.

No momento da prisão, Luís Pereira disse que estava muito tranquilo. Ele declarou que estava indo por questão de segurança e que acreditava em Cristo.

- Eu sou uma pessoa de Deus - disse Luís Pereira.
Em depoimento para a delegada de Proteção à Criança e ao Adolescentes, Andréia Magalhães, Luís Pereira disse que “Deus se equivocou”. Ele foi indiciado por estelionato e permanecerá preso pela Polícia Civil.

Dentro da casa, policiais do Rone apreendeu uma caixa de margarina contendo doce de caju. A preocupação é que o doce estivesse contaminado com algum produto tóxico.

O coronel Alberto Meneses, comandante de policiamento da capital, disse que foram empregados em torno de 50 homens e 10 viaturas na operação.

“Parece lavagem cerebral”
Antes da ação dos PMs, duas mulheres tentam invadir as casas para retirar a mãe e o irmão. Maria Madalena Silva, 39 anos, e Carmelita Aguiar dos Santos, 40 anos, contaram que a mãe tem 58 anos e frequenta o local há 9 meses.

- Queríamos tirá-la de lá enquanto houvesse tempo. A minha mãe está de juízo virado. Parece uma lavagem cerebral - disse Maria Madalena.


O Globo

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