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Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
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Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

01/12/2016 - 10h37

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Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

01/12/2016 - 10h37

Satyagraha: pela prática da NÃO VIOLÊNCIA!

Dias mais difíceis se anunciam após a aprovação da PEC 241/55! Um Brasil semdireitos para a grande maioria de nossa população massacrada pelas condições econômicas desiguais e que faz fila nos já precários, hospitais públicos. Um país de Deputados e Senadores que votaram contra seus eleitores e a favor da manutenção de seus privilégios na Câmara e no Senado. A consulta pública realizada pelo próprio Senado de nada adiantou para guiar os votos dos que estão com o poder nas mãos. Foram 343.501 votos contra a PEC do fim do mundo e 23.378 a favor. Na frente do Congresso estudantes, sindicalistas, professores de todo o Brasil manifestavam pacificamente sua desaprovação à referida Proposta de Emenda Constitucional e foram violentamente reprimidos. Nas redes sociais a violência reverbera os radicalismos.

 

 

E, é, portanto, diante desse cenário de guerra que inicio aqui um MANIFESTO contra a VIOLÊNCIA! Chamo para me ajudar nessa empreitada Mohandas Karamchand Gandhi, Mahatma Gandhi, a grande alma que com uma prática de não violência e impulsionado pela filosofia do Satyagraha ou força da verdade com princípios de ahimsa (sem dor)  ou não violência, pregou a desobediência civil em questões de injustiças sociais. Mahatma Gandhi conduziu os povos hindus e mulçumanos em uma luta pacífica pela independência da Índia. Foi o líder de inúmeras greves e movimentos, mas nunca permitiu que seus correligionários ou que seu povo fizesse uso da violência. Foi preso várias vezes. Conseguiu a independência da Índia, mas lamentou a divisão do país entre os hindus e os mulçumanos. O preço da não violência foi pago com a vida. Gandhi foi assinado, mas seu legado é incomensurável.

           

 

Gandhi inspirou outros grandes líderes, dois deles negros, Nelson Mandela e Martin Luther King. Mandela passou grande parte de sua vida preso e liderou a luta contra o apartheidna África do Sul. Luther King liderou os movimentos contra o racismo norte-americano e terminou como Gandhi, assassinado.

           

 

Talvez vocês me perguntem ou se perguntem: se a prática da não violência leva a violência, porque então devemos lançar mão de usar a violência, já que  os nossos opositores a usarão?  No meu entender porque devemos não somente respeitar a vida e os direitos do próximo, mas também porque devemos educar para a não violência, e, sobretudo, porque não somos bárbaros, porque não queremos viver em uma sociedade insegura. É bem verdade que em nosso país todo tipo de violência bate a nossa porta. E quanto mais os abismos sociais e educacionais se tornam profundos, mas a violência aflora.

 

 

Nesse sentido, torna-se necessário fomentar a consciência cidadã e política em todos. Praticar a política não é privilégio de meia dúzia de pessoas para quem transferimos nosso poder através do voto a cada eleição, mas é direito e dever de todos. Manifestações, articulações são meios de realizar tal prática, mas educação também é. Contudo, atos de violência não condizem, a meu ver, com uma boa política; mas sei  que essa não é uma opinião unânime.

 

A violência nos cerca. De um lado, um governo repressivo instalado no Planalto, que ataca manifestantes pacíficos, em sua maioria estudantes, com bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio, além de cassetetes e outras armas, proibindo a livre manifestação do povo brasileiro. De outro, uma mídia parcial que só mostra o lado da reação dos civis, como se estes fossem responsáveis pela violência sofrida.

           

 

 No mesmo cenário, dissidentes radicais procuram desestabilizar os movimentos com a prática da violência. Depredar o patrimônio público e privado. Investir contra a vida dos profissionais do jornalismo. Atacar e desqualificar professores não constituem atos de civilidade. Se queremos protestar contra o poder econômico e contra o projeto de poder neoliberal que tenta acabar com as políticas sociais, com o ensino público, com a saúde pública,que o façamos com argumentos e com movimentos que nos levem aos palcos do poder onde as decisões são tomadas, como aliás tem sido feito pela grande maioria. Se queremos protestar contra uma imprensa que consideramos equivocada, conservadora e que trabalha a serviço do poder político vigente e do status quo econômico, que o façamos por meios de comunicação alternativos, cujo alcance encontra-se hoje potencializado pela internet, além de nos  unirmos e nos articularmos em movimentos, de preferência organizados.

 

 

Somos todos contrários ao projeto que procura sucatear o ensino público e gratuito através da PEC 241/55 (PEC do fim mundo, infelizmente, aprovada pelos nossos mal escolhidos deputados e senadores), através da PEC do Ensino Médio e daproposta da Escola sem partido. Somos contrários aos projetos que visam relegar ao esquecimento e acabar com o ainda projeto deEstado de Bem-estar Social e, portanto, comos direitos sociais de grande parte da população brasileira que conquistou a cidadania há pouco tempo. Temos interesses comuns, mas nessa massa há pensamentos sobre caminhos diferentes.  Por exemplo: votei pela greve na UFPI porque acredito que um movimento nacional teria um grande peso simbólico que poderia se refletir em uma projeção da insatisfação de todos contra esse projeto conservador e liberal que o atual governo deseja implantar no Brasil em curtíssimo prazo. Contudo, fui voto vencido, mas respeito todos que, embora tenham conhecimento dos males a que estamos sujeitos com todas as propostas do governo, optaram por não aderir à greve.

 

 

É assim que agimos em uma democracia, respeitamos o outro, mesmo quando suas ideias são contrárias as nossas. Forçar o outro, usando qualquer tipo de violência,a agir como desejamos é uma prática antidemocrática e, portanto, que se aproxima dos extremos, seja de direita, seja de esquerda.

 

 

Eu apoio veementemente nossos estudantes na luta contra as propostas governamentais, até porque acredito que a luta é nossa, de todo o povo brasileiro, inclusive dos que ainda não se deram conta do horizonte nada promissor que se anuncia, sobretudo, para a saúde e educação de nosso país. Acredito que a luta é nossae não apenas dos estudantes. Mas não sou favorável à agressão física, nem tampouco aos constrangimentos e xingamentos contra professores e jornalistas. Não se pode confundir direito à liberdade de expressão, com direito a livre agressão.

 

Do mesmo modo como sou contra de toda forma,a que políticos da extrema direita já em campanha em todo o país visando 2018, façam apologia à tortura, ao estupro, a homofobia. Novamente, não devemos confundir o direito democrático com os abusos que se faz desse direito.

 

Assim, e, na certeza de que nossos alunos que estão demonstrando grande coragem e força para encampar uma luta pela sociedade brasileira, não são os responsáveis pelas agressões morais aos professores na UFPI;é que conclamo todos para a prática da filosofia doSatyaghara. Convido todos a refletirem sobre a incitação a violência como um modo de desestabilizar a união de forças em favor dos movimentos que se formam na defesa do povo brasileiro. A desunião dos que pensam da mesma forma e em prol dos menos favorecidos, só favorece aqueles que desejam que o país volte para dominação de poucos e de um mercado perverso.  

 

 

A luta é uma constante em nossas vidas, mas a violência deve ser extirpada.  Portanto, encerro assumindo minha posição pela prática da NÃO VIOLÊNCIA e mantenho minhas posições em favor da ampliação do ensino e da saúde públicos e gratuitos, assim como, pela garantia dos direitos sociais aos menos favorecidos nessa selva mercadológica em que vivemos. Fora governo repressor! FORA TEMER!

Ana Regina Rêgo

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