Há alguns anos a nossa vida passou a ser pautada pela recompensa, o que vai do bom comportamento quando crianças, a um bom desempenho enquanto profissionais, passando pelo bom e fiel consumidor, à hoje, necessária reciprocidade em receber um bom atendimento e avaliar bem a quem nos prestou o serviço. Likes e estrelas nos acompanham em nossos aplicativos e nas redes sociais.
As nossas reações positivas a cada estímulo para o consumo de determinado bem ou produto, seja tangível ou intangível, simbólico, cultural, etc. vai nos moldando nos ambientes virtuais e trazendo reflexos para a vida real.
Já falei neste espaço opinativo sobre o trabalho gratuito que realizamos nas redes sociais e, sobre o que, o engajamento nos proporciona, promovendo alguns ao status de digital influencer. Quanto mais atuante somos, mais visibilidade obtemos e as recompensas nos esperam, e podem ser medidas em popularidade, trazendo retornos financeiros. Somos uma rede de trabalhadores sem custos com grande potencial simbólico a ser explorado que ofertamos sem questionar, lucrando minimamente e proporcionando lucros incomensuráveis às poucas e grandes multinacionais que controlam, pelas infovias e com uso direto de algoritmos programados, o nosso comportamento, nos levando a recompensar empresas e amigos, para podermos ser recompensados.
A máxima behaviorista do E-R (Estímulo –Resposta) se encontra potencializada, visto que foi reticularizada. Os estímulos mercadológicos nos atinge a partir de diversas direções e nós, como atomizados do passado, reagimos a cada estímulo de forma automática.
Como acontece em Black Mirror (série de ficção inspirada nos paradoxos do mundo contemporâneo) em alguns de seus episódios, vivemos em mundo completamente pautado pela avaliação ( julgamento) e pela recompensa e não nos damos conta do quão usados e controlados somos.
Pegamos um transporte via aplicativo, o mais conhecido hoje,Uber, mas pode ser o Cabify ou outro qualquer. Quando um motorista aceita nossa chamada já podemos acessar o perfil dele e verificar quantas viagens realizou e quantas estrelas possui. Ao final da viagem precisamos avaliar, pois também seremos avaliados como consumidores. O julgamento se impõe como necessário, para que, tanto nós, enquanto consumidores, como os motoristas sem direitos trabalhistas, possam manter suas reputações credíveis. E quanto mais estrelas venhamos a ter, mais privilégios teremos, com acesso a promoções e ao status de clientes premium, etc.
Quando alugamos um apartamento para uma curta temporada no site/aplicativo Airbnb, avaliamos e somos avaliados. Avaliamos o imóvel e o proprietário e somos por ele avaliados.
No TripAdvisor ao escolhermos um restaurante, por exemplo, já nos pautamos pela pontuação máxima que os estabelecimentos apresentam.
Nas redes sociais, julgamos o tempo todo e avaliamos, a cada curtida ( ou não), a cada comentário ( ou silêncio), a cada compartilhamento ( ou não). E as recompensas vem pelo maior engajamento e pelo “bom” comportamento, ou seja, quanto maior o envolvimento do internauta e seu avatar nas redes com amigos e empresas, maior a sua pontuação, conseguindo um grande número de “amigos” e potencializando a sua visibilidade, criando assim, uma realidade paralela de projeção imagética que muito se distancia da vida pessoal.
Interessante pensar que o mecanismo que a tudo controla, como uma mão de Deus invisível é conhecido de todos. Sabemos quem são as empresas e como se relacionam entre si, oferecendo vantagens competitivas cada vez maiores, para cada consumidor atomizado, objetivando maior e maior lucratividade. Todavia, um pré-conhecer não pressupõe um conhecer em profundidade.
Recentemente, Mark Zuckerberg pediu desculpas pela venda não consentida de milhões de perfis de usuários de sua empresa que se mostra à luz sobre a alcunha de Facebook. Isso de nada nos adianta, porque o que se move por baixo das negociações que são feitas conosco, não serão reveladas.
Temos indicativos diários do quanto somos negociados, nossos dados migram de empresa para empresa e são vendidos nas “esquinas” das infovias em uma velocidade não perceptível em escala humana. O panóptico global está atuante e nós somos suas cobaias que se oferecem gratuitamente em sacrifício, sem pensar, nem contestar.
Julgamos e somos julgados. Mas os deuses da tecnologia não se apresentam para julgamento diário e massivo. Julgamos os motoristas do Uber e como usuários somos julgados; julgamos nossos “amigos” virtuais e somos julgados, mas não julgamos o face, o insta, etc. E mesmo, se julgássemos as redes, pontuando-as com estrelas ou retirando os likes, elas dificilmente sofreriam, visto que apenas se apresentam como mecanismos de controle, facilmente substituíveis, uma vez que acompanham as tendências políticas e ideológicas, acompanham os pensamentos que expomos e estão atentos aos novos comportamentos que surgem a partir dos usos e apropriações coletivas que fazemos das redes.
Não somos ingênuos completamente, somos (in) conscientes de que nossa busca constante pelas recompensas em uma sociedade de aparência nos torna reféns de um mercado simbólico, onde atuamos como principais produtos.
A lógica desse mercado só é possível e lucrativa para os deuses da tecnologia, porque nós nos rendemos e aceitamos o contrato unilateral de exposição e exploração de nós mesmos.
Os deuses da tecnologia (onipotentes e onipresentes, não há como contestar isso), nos oferecem a possibilidade de ter voz, nos proporcionam um encontro com os amigos distantes, nos possibilitam o engajar em uma cultura de participação que reúne pessoas para solucionar problemas e trocar conhecimento. Os deuses nos empoderam de diversas, boas e positivas formas, podemos, inclusive, através das redes ( e o Google está em Teresina para formar público nesse sentido), ganhar recompensas financeiras. Os deuses nos empoderam e nos retém de “ livre e espontânea” vontade em seus reinos de julgamentos e recompensas, nos fazendo produzir sem pensar, porque somos em verdade, seu maior capital. Somos seu público cativo e esse público, carrega em si, um grande capital simbólico e cultural e forma uma reserva de mercado em escala mundial, alcançada por raras multinacionais no mercado tradicional.
Hora de parar para pensar e quem sabe retomar as rédeas de cada vida real. Fica a dica!
As nossas reações positivas a cada estímulo para o consumo de determinado bem ou produto, seja tangível ou intangível, simbólico, cultural, etc. vai nos moldando nos ambientes virtuais e trazendo reflexos para a vida real.
Já falei neste espaço opinativo sobre o trabalho gratuito que realizamos nas redes sociais e, sobre o que, o engajamento nos proporciona, promovendo alguns ao status de digital influencer. Quanto mais atuante somos, mais visibilidade obtemos e as recompensas nos esperam, e podem ser medidas em popularidade, trazendo retornos financeiros. Somos uma rede de trabalhadores sem custos com grande potencial simbólico a ser explorado que ofertamos sem questionar, lucrando minimamente e proporcionando lucros incomensuráveis às poucas e grandes multinacionais que controlam, pelas infovias e com uso direto de algoritmos programados, o nosso comportamento, nos levando a recompensar empresas e amigos, para podermos ser recompensados.
A máxima behaviorista do E-R (Estímulo –Resposta) se encontra potencializada, visto que foi reticularizada. Os estímulos mercadológicos nos atinge a partir de diversas direções e nós, como atomizados do passado, reagimos a cada estímulo de forma automática.
Como acontece em Black Mirror (série de ficção inspirada nos paradoxos do mundo contemporâneo) em alguns de seus episódios, vivemos em mundo completamente pautado pela avaliação ( julgamento) e pela recompensa e não nos damos conta do quão usados e controlados somos.
Pegamos um transporte via aplicativo, o mais conhecido hoje,Uber, mas pode ser o Cabify ou outro qualquer. Quando um motorista aceita nossa chamada já podemos acessar o perfil dele e verificar quantas viagens realizou e quantas estrelas possui. Ao final da viagem precisamos avaliar, pois também seremos avaliados como consumidores. O julgamento se impõe como necessário, para que, tanto nós, enquanto consumidores, como os motoristas sem direitos trabalhistas, possam manter suas reputações credíveis. E quanto mais estrelas venhamos a ter, mais privilégios teremos, com acesso a promoções e ao status de clientes premium, etc.
Quando alugamos um apartamento para uma curta temporada no site/aplicativo Airbnb, avaliamos e somos avaliados. Avaliamos o imóvel e o proprietário e somos por ele avaliados.
No TripAdvisor ao escolhermos um restaurante, por exemplo, já nos pautamos pela pontuação máxima que os estabelecimentos apresentam.
Nas redes sociais, julgamos o tempo todo e avaliamos, a cada curtida ( ou não), a cada comentário ( ou silêncio), a cada compartilhamento ( ou não). E as recompensas vem pelo maior engajamento e pelo “bom” comportamento, ou seja, quanto maior o envolvimento do internauta e seu avatar nas redes com amigos e empresas, maior a sua pontuação, conseguindo um grande número de “amigos” e potencializando a sua visibilidade, criando assim, uma realidade paralela de projeção imagética que muito se distancia da vida pessoal.
Interessante pensar que o mecanismo que a tudo controla, como uma mão de Deus invisível é conhecido de todos. Sabemos quem são as empresas e como se relacionam entre si, oferecendo vantagens competitivas cada vez maiores, para cada consumidor atomizado, objetivando maior e maior lucratividade. Todavia, um pré-conhecer não pressupõe um conhecer em profundidade.
Recentemente, Mark Zuckerberg pediu desculpas pela venda não consentida de milhões de perfis de usuários de sua empresa que se mostra à luz sobre a alcunha de Facebook. Isso de nada nos adianta, porque o que se move por baixo das negociações que são feitas conosco, não serão reveladas.
Temos indicativos diários do quanto somos negociados, nossos dados migram de empresa para empresa e são vendidos nas “esquinas” das infovias em uma velocidade não perceptível em escala humana. O panóptico global está atuante e nós somos suas cobaias que se oferecem gratuitamente em sacrifício, sem pensar, nem contestar.
Julgamos e somos julgados. Mas os deuses da tecnologia não se apresentam para julgamento diário e massivo. Julgamos os motoristas do Uber e como usuários somos julgados; julgamos nossos “amigos” virtuais e somos julgados, mas não julgamos o face, o insta, etc. E mesmo, se julgássemos as redes, pontuando-as com estrelas ou retirando os likes, elas dificilmente sofreriam, visto que apenas se apresentam como mecanismos de controle, facilmente substituíveis, uma vez que acompanham as tendências políticas e ideológicas, acompanham os pensamentos que expomos e estão atentos aos novos comportamentos que surgem a partir dos usos e apropriações coletivas que fazemos das redes.
Não somos ingênuos completamente, somos (in) conscientes de que nossa busca constante pelas recompensas em uma sociedade de aparência nos torna reféns de um mercado simbólico, onde atuamos como principais produtos.
A lógica desse mercado só é possível e lucrativa para os deuses da tecnologia, porque nós nos rendemos e aceitamos o contrato unilateral de exposição e exploração de nós mesmos.
Os deuses da tecnologia (onipotentes e onipresentes, não há como contestar isso), nos oferecem a possibilidade de ter voz, nos proporcionam um encontro com os amigos distantes, nos possibilitam o engajar em uma cultura de participação que reúne pessoas para solucionar problemas e trocar conhecimento. Os deuses nos empoderam de diversas, boas e positivas formas, podemos, inclusive, através das redes ( e o Google está em Teresina para formar público nesse sentido), ganhar recompensas financeiras. Os deuses nos empoderam e nos retém de “ livre e espontânea” vontade em seus reinos de julgamentos e recompensas, nos fazendo produzir sem pensar, porque somos em verdade, seu maior capital. Somos seu público cativo e esse público, carrega em si, um grande capital simbólico e cultural e forma uma reserva de mercado em escala mundial, alcançada por raras multinacionais no mercado tradicional.
Hora de parar para pensar e quem sabe retomar as rédeas de cada vida real. Fica a dica!
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