Demorei bastante a escrever sobre o atual processo eleitoral em nosso país. O cenário é extremamente complexo e as aberrações surgem de todos os lados, não são apenas candidatos esdrúxulos que surgem na cena nacional e regional, mas uma massa de eleitores que seguem sem crítica e sem discernimento do próprio momento histórico. Uma massa formada por indivíduos que não conseguem se reconhecer enquanto sujeitos históricos que lutam pelos anseios de sua classe ou de seu povo. Em outra vertente, as coligações partidárias em prol da manutenção do poder, como de uma futura governabilidade se realizam contrariando não apenas valores éticos que deveriam povoar os discursos e as práticas dos partidos e dos políticos, mas também, a própria vontade popular. Políticos seguem fazendo nas campanhas o que fazem durante seus mandatos, ou seja, trabalham para seus quintais particulares/pessoais e não enxergam as necessidades do povo que os elege.
A crise política, cuja erupção teve inúmeros fatores de deflagração, dentre eles, a corrupção arraigada nas práticas de gestão nas instituições do Estado, é também atravessada pela tensionalidade que envolve uma moral do sujeito, um sentimento de abandono do paternalismo estatal que se configura, sobretudo, nas questões econômicas e na violência urbana, e, uma necessidade de retorno a um estado de conforto que o curto espaço de desenvolvimento proporcionado pelos últimos 20 anos trouxe ao povo brasileiro, que mudou de lugar na pirâmide econômica, mas que agora retorna a um estado anterior, o que significa que muitos de nós retornam a uma condição de miséria.
Mas a crise da representação política possui teias que se lançam em todas as direções e contaminam outros setores como o próprio judiciário. Em meio a tudo isso, o sistema midiático onipresente exerce sua centralidade influenciadora, tentando dar o tom e trazer soluções que possam colocar o Brasil de novo na rota da racionalidade e do desenvolvimento. No entanto, as soluções apresentadas se mostram complicadas pois, em geral privilegiam, as camadas abastadas da população, como o novo querido da mídia, o banqueiro que deseja privatizar os serviços públicos e tornar o Estado cada vez mais, mínimo. Parece-me que seu plano de governo é para Mônaco e não para um Brasil plural, onde a diversidade cultural e as diferenças regionais se refletem nos processos desiguais de promoção da educação, da saúde e do impulso ao desenvolvimento como uma prática para a liberdade.
No entanto, é no personagem que começou a ser promovido anteriormente, há cerca de 4 anos, que as ameaças de um governo ditatorial se localizam. Hoje o sistema midiático trabalha para desconstruir o candidato que é denominado de mito, por seus seguidores.
Nas pesquisas de opinião divulgadas esta semana. O candidato Jair Bolsonaro do Partido Social Cristão(PSL) “cristão?”surge como segundo colocado, em um cenário eleitoral em que o ex-Presidente Lula ( PT) lidera com quase 40%, todavia, quando Lula é substituído por Haddad (PT), o candidato que se diz capitão reformado, lidera com 22%.
Preocupante sim e muito. Seus seguidores messiânicos não se importam que ele seja um apologista da ditadura, um apologista do estupro, um racista, um apologista de chacinas que possam eliminar de uma só vez os párias da sociedade, visto que no íntimo, concordam com suas ideias violentas, pois veem nelas, a saída que teria o Estado para combater a violência que os ameaça nos muros altos de seus condomínios. Veem nele a solução para corrupção que vem varrendo o país, desde a entrega do ouro para a Inglaterra, mas não enxergam a trajetória política do candidato que a partir de agora se torna, inominável. Em síntese, estão fechados para quaisquer argumentos que tentem desvelar o homem que chamam de mito.
Como nos lembra Hannah Arendt “os governantes de regimes totalitários em potencial iniciam suas carreiras vangloriando-se de seus crimes passados e planejando cuidadosamente os seus crimes futuros”. Segundo a autora citada, os nazistas, por exemplo, tinham convicção de que o mal carrega em si, uma atração mórbida. Talvez isso justifique, que parte do eleitorado brasileiro, teoricamente esclarecido, visto que o eleitorado daquele que não mais devemos nomear, possui uma escolaridade elevada; se sinta atraído pelas palavras, mas também, pelas práticas do candidato, que ao desqualificar quilombolas há pouco tempo, foi aplaudido pela comunidade judaica em São Paulo, provocando uma amnésia coletiva, em um povo que historicamente tem sido perseguido.
Contudo, a justificativa mais plausível para essa adesão a candidatos que claramente se posicionam como defensores de políticas que pretendem segregar o povo, adotar política de subempregos em contraponto à política anterior de emprego pleno; perseguir mulheres, adotar políticas homofóbicas, etc.; esteja na teoria da banalidade do mal da própria Hannah Arendt, visto que o mal latente em nós, não é entendido com mal, se estamos praticando-o em prol de um bem maior no qual acreditamos, ou do nosso próprio bem. Então aos amigos tudo, já dizem nossos juízes no Supremo Tribunal Federal.
Portanto, devemos tomar cuidado para não aderirmos a qualquer proposta que a mídia nos venda, ou a qualquer proposta que nos prometa o céu, mesmo que o caminho adotado seja sanguinário. Devemos tomar cuidado para não nos tornamos uma massa que se forma em prol de soluções utópicas que podem trazer ao nosso país uma tragédia maior. Lembrando mais uma vez Hannah Arendt, “ as massas não se unem pela consciência de um interesse comum e falta-lhes aquela específica articulação de classes que se expressa em objetivos determinados [...]. Potencialmente, as massas existem em qualquer país e constituem a maioria das pessoas neutras e politicamente indiferentes [...]”. Normalmente, a massa se forma em momentos de crise quando seu conforto é afetado e algum culpado é escolhido para ser sacrificado, enquanto que algum messias é nomeado para ser o “salvador da pátria”. A massa não tem reivindicações unificadas de classe, mas apenas o desejo de retorno a uma condição que lhe permita, em muitos casos, na atualidade, voltar a viajar para Miami.
Mas cheguei até aqui apenas para dizer que hoje falo, não para a massa, porque esta, é bem difícil de ser acessada enquanto organismo social vivo, logo, para um bom resultado, devemos falar a cada indivíduo particularmente. Contudo, hoje me dirijo aos críticos que trabalham com a formação de opinião no ambiente midiático, portanto, também aos jornalistas. Para meus colegas lembro que ressaltar os absurdos do candidato que não deve ser nomeado, não irá de forma alguma mudar a opinião de seus seguidores, visto que essa sua faceta já é bem conhecida e tem provocado empatia, que denomino empatia da maldade. A minha sugestão é explorar as lacunas de conhecimento do candidato sobre o país que deseja governar, sobre as áreas prioritárias para promoção do desenvolvimento humano, tais como: saúde, educação e cultura. É interrogar o presidenciável sobre as soluções para a promoção de uma economia em um regime capitalista não predatório, em que o desenvolvimento seja um caminho para a liberdade e, portanto, para promoção da cidadania, que, por sua vez, poderá nos levar, enfim, a uma democracia verdadeira. Fica a dica!
A crise política, cuja erupção teve inúmeros fatores de deflagração, dentre eles, a corrupção arraigada nas práticas de gestão nas instituições do Estado, é também atravessada pela tensionalidade que envolve uma moral do sujeito, um sentimento de abandono do paternalismo estatal que se configura, sobretudo, nas questões econômicas e na violência urbana, e, uma necessidade de retorno a um estado de conforto que o curto espaço de desenvolvimento proporcionado pelos últimos 20 anos trouxe ao povo brasileiro, que mudou de lugar na pirâmide econômica, mas que agora retorna a um estado anterior, o que significa que muitos de nós retornam a uma condição de miséria.
Mas a crise da representação política possui teias que se lançam em todas as direções e contaminam outros setores como o próprio judiciário. Em meio a tudo isso, o sistema midiático onipresente exerce sua centralidade influenciadora, tentando dar o tom e trazer soluções que possam colocar o Brasil de novo na rota da racionalidade e do desenvolvimento. No entanto, as soluções apresentadas se mostram complicadas pois, em geral privilegiam, as camadas abastadas da população, como o novo querido da mídia, o banqueiro que deseja privatizar os serviços públicos e tornar o Estado cada vez mais, mínimo. Parece-me que seu plano de governo é para Mônaco e não para um Brasil plural, onde a diversidade cultural e as diferenças regionais se refletem nos processos desiguais de promoção da educação, da saúde e do impulso ao desenvolvimento como uma prática para a liberdade.
No entanto, é no personagem que começou a ser promovido anteriormente, há cerca de 4 anos, que as ameaças de um governo ditatorial se localizam. Hoje o sistema midiático trabalha para desconstruir o candidato que é denominado de mito, por seus seguidores.
Nas pesquisas de opinião divulgadas esta semana. O candidato Jair Bolsonaro do Partido Social Cristão(PSL) “cristão?”surge como segundo colocado, em um cenário eleitoral em que o ex-Presidente Lula ( PT) lidera com quase 40%, todavia, quando Lula é substituído por Haddad (PT), o candidato que se diz capitão reformado, lidera com 22%.
Preocupante sim e muito. Seus seguidores messiânicos não se importam que ele seja um apologista da ditadura, um apologista do estupro, um racista, um apologista de chacinas que possam eliminar de uma só vez os párias da sociedade, visto que no íntimo, concordam com suas ideias violentas, pois veem nelas, a saída que teria o Estado para combater a violência que os ameaça nos muros altos de seus condomínios. Veem nele a solução para corrupção que vem varrendo o país, desde a entrega do ouro para a Inglaterra, mas não enxergam a trajetória política do candidato que a partir de agora se torna, inominável. Em síntese, estão fechados para quaisquer argumentos que tentem desvelar o homem que chamam de mito.
Como nos lembra Hannah Arendt “os governantes de regimes totalitários em potencial iniciam suas carreiras vangloriando-se de seus crimes passados e planejando cuidadosamente os seus crimes futuros”. Segundo a autora citada, os nazistas, por exemplo, tinham convicção de que o mal carrega em si, uma atração mórbida. Talvez isso justifique, que parte do eleitorado brasileiro, teoricamente esclarecido, visto que o eleitorado daquele que não mais devemos nomear, possui uma escolaridade elevada; se sinta atraído pelas palavras, mas também, pelas práticas do candidato, que ao desqualificar quilombolas há pouco tempo, foi aplaudido pela comunidade judaica em São Paulo, provocando uma amnésia coletiva, em um povo que historicamente tem sido perseguido.
Contudo, a justificativa mais plausível para essa adesão a candidatos que claramente se posicionam como defensores de políticas que pretendem segregar o povo, adotar política de subempregos em contraponto à política anterior de emprego pleno; perseguir mulheres, adotar políticas homofóbicas, etc.; esteja na teoria da banalidade do mal da própria Hannah Arendt, visto que o mal latente em nós, não é entendido com mal, se estamos praticando-o em prol de um bem maior no qual acreditamos, ou do nosso próprio bem. Então aos amigos tudo, já dizem nossos juízes no Supremo Tribunal Federal.
Portanto, devemos tomar cuidado para não aderirmos a qualquer proposta que a mídia nos venda, ou a qualquer proposta que nos prometa o céu, mesmo que o caminho adotado seja sanguinário. Devemos tomar cuidado para não nos tornamos uma massa que se forma em prol de soluções utópicas que podem trazer ao nosso país uma tragédia maior. Lembrando mais uma vez Hannah Arendt, “ as massas não se unem pela consciência de um interesse comum e falta-lhes aquela específica articulação de classes que se expressa em objetivos determinados [...]. Potencialmente, as massas existem em qualquer país e constituem a maioria das pessoas neutras e politicamente indiferentes [...]”. Normalmente, a massa se forma em momentos de crise quando seu conforto é afetado e algum culpado é escolhido para ser sacrificado, enquanto que algum messias é nomeado para ser o “salvador da pátria”. A massa não tem reivindicações unificadas de classe, mas apenas o desejo de retorno a uma condição que lhe permita, em muitos casos, na atualidade, voltar a viajar para Miami.
Mas cheguei até aqui apenas para dizer que hoje falo, não para a massa, porque esta, é bem difícil de ser acessada enquanto organismo social vivo, logo, para um bom resultado, devemos falar a cada indivíduo particularmente. Contudo, hoje me dirijo aos críticos que trabalham com a formação de opinião no ambiente midiático, portanto, também aos jornalistas. Para meus colegas lembro que ressaltar os absurdos do candidato que não deve ser nomeado, não irá de forma alguma mudar a opinião de seus seguidores, visto que essa sua faceta já é bem conhecida e tem provocado empatia, que denomino empatia da maldade. A minha sugestão é explorar as lacunas de conhecimento do candidato sobre o país que deseja governar, sobre as áreas prioritárias para promoção do desenvolvimento humano, tais como: saúde, educação e cultura. É interrogar o presidenciável sobre as soluções para a promoção de uma economia em um regime capitalista não predatório, em que o desenvolvimento seja um caminho para a liberdade e, portanto, para promoção da cidadania, que, por sua vez, poderá nos levar, enfim, a uma democracia verdadeira. Fica a dica!
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