O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no último domingo foi realmente complicado. Comprovar que 46% dos votos válidos acompanharam um discurso de ódio é inacreditável. E ao lado desses 46% que seguem na contramão da razão, quase 30 milhões de abstenções e mais cerca de 10 milhões entre brancos e nulos. O que esse cenário efetivamente quer dizer?
Quer dizer que o Brasil está cansado do sistema representativo que temos, está cansado dos representantes que retornam aos postos no executivo e no legislativo ano a ano e continuam com as mesmas posturas e a cometer os mesmos erros. Quer dizer basta!
Nesse cenário de desesperança, o antipetismo cresce e não considera que houve alguma coisa boa durante os governos do Partido dos Trabalhadores, como a inclusão social, a ascensão das classes economicamente ativas, a política do pleno emprego, a inclusão educacional e a retirada do Brasil do mapa da fome no mundo, dentre inúmeros outros fatores que levaram o nosso país ao posto de 6ª maior economia do mundo.
Os opositores souberam aproveitar a indignação dos brasileiros com o mar de corrupção que tem varrido o país e canalizaram toda a responsabilidade ao PT. Bem, nosso povo tem razão em está indignado com tudo e com todos, mas daí a perder a razão e entregar o país a uma proposta totalitária é muito diferente.
Para quem trabalha e pesquisa o campo da comunicação suas teorias, paradigmas e métodos de manipulação de massas, como também, pesquisa a história da mídia, é extremamente complicado comprovar que os efeitos a determinados estímulos se repetem, embora os meios para chegar até as pessoas sejam bem diferentes do passado.
A comunicação que chega para nossos familiares e amigos que acompanham, defendem e se engajam na campanha do Bolsonaro vem por grupos específicos e não passa pela mídia de referência. Tratam potencialmente de alguns eixos principais e estratégicos de ataque à campanha petista.
De um lado, por meio e visando o público dos neopentecostais o foco é em um moralismo conservador que trata de defender a regulação dos corpos e de criar mentiras toscas e inacreditáveis como kitgay, estereótipos para a mulher de esquerda nos colocando em lugares distintos da moralidade, ou melhor da falsa moral de onde realmente nos distanciamos. Esta semana vi um comentário de uma senhora amiga em um post de uma outra amiga que afirmava que “ou se é cristão ou se vota em Bolsonaro”, algo assim, ao que a senhora respondeu que era melhor votar em Bolsonaro mesmo sendo fascista do que seu filho de 4 anos ser obrigado a mudar de sexo porque o governo do PT queria. Eu não acreditei naquele comentário. Como uma mente pode acreditar em algo desse porte?
De outro lado, potencializam a raiva com mais e mais notícias sobre a corrupção, situando todos os políticos de centro e de esquerda como estando no mesmo barco. Vale pensar que os partidos são amplos e possuem diferentes correntes e diferentes pessoas e nem todas são corruptas.
Em outra vertente é a ideologia anticomunista ressuscitada com grande força depois de mais de quatro décadas adormecida. Essa corrente coloca no mesmo lugar forças de extrema esquerda que hoje não possuímos no Brasil, pelo menos, não concorrendo à Presidência. Essa vertente trabalha o discurso de venezuelização quando, mesmo com todos os erros, os partidos de esquerda que governaram e que se lançaram em campanha para governar o país são os que trabalham para preservar a Constituição e a Democracia. E repito aqui as palavras da Teresa Cruvinel, o risco de venezuelização (enquanto governo ditatorial) do Brasil ocorre muito mais com Bolsonaro, só que na extrema direita, portanto, no outro extremo.
Todavia, o risco mais sério vem da autorização da violência física pela violência simbólica que o discurso de Bolsonaro carrega. Portar armas e colocar armas nas mãos de crianças. Fazer acordo com a indústria do armamento que já conseguiu abrir para votação o Estatuto do desarmamento que o povo brasileiro aprovou em plebiscito em 2005 com a pretensão de reverter a portabilidade de armas no país, é extremamente preocupante.
Nas últimas semanas a violência física autorizada pela violência simbólica tem feito muitas vítimas em todo o país e as ameaças correm soltas nas redes sociais: “Bolsonaro vai matar viado”, “Vamos matar negrinhos”, etc..
Mas tentar esclarecer os que já estão seguindo o Bolsonaro não tem surtido muito efeito. Então mesmo sabendo que parte das nossas famílias e amigos não são fascistas, embora apoiem o fascismo iminente pelo ódio ao PT, ou pela agenda de uma moral conservadora que tem como lema a defesa da tradicional família brasileira, ou simplesmente porque estão na bolha comunicativa que os isola da realidade; só nos resta falar aos 40 milhões de indignados que não estão na bolha, que conhecem a verdade sobre Bolsonaro e também conhecem a verdade sobre o PT.
Para esses 40 milhões é preciso dizer que é preciso evitar que o caos se instale no Brasil. É preciso evitar que o poder se concentre nas mãos de pessoas que não possuem o menor respeito pelo ser humano. É preciso evitar o poder nas mãos de torturadores. É preciso evitar uma chacina maior de pessoas LGBTs, visto que já ocupamos o posto de país que mais mata homossexuais no mundo. É preciso evitar que as mulheres continuem a ser estupradas e mortas a cada hora em nosso país.
O posto maior deste país precisa ser exercido por alguém sensato, com educação suficiente para respeitar o outro, seja ele quem for. Comparem as propostas e vejam o que o mundo já viu, mas o Brasil se recusa a ver: que a intenção de Bolsonaro é pautada no neofascismo e pretende impor um governo ditatorial. E por que o mundo viu e parte do Brasil não? Porque o mundo não está na bolha criada pelos comunicadores do Bolsonaro, nem pelos seguidores engajados que falsificam informações a cada segundo.
Então caríssimos leitores é fato que não estamos no momento que gostaríamos de estar. O PT cometeu inúmeros erros e não devemos permitir que se repitam, mas continuar na democracia é ter a certeza de que os erros podem ser punidos, já voltar na história e cometer os erros de um Estado ditatorial é ter a certeza de que pensar diferente será crime, de que ser diferente será crime. Em nossa atual e imperfeita democracia até aceitar que o partido com pretensões ditatoriais exista é permitido, na ditadura isso não acontece, porque não haverão partidos.
Portanto, pedimos aos 40 milhões de indignados que ajudem o Brasil a sobreviver a essa onda de conservadorismo e risco de totalitarismo. A liberdade é nosso bem mais precioso, vamos preservá-la democraticamente. Pedimos também aos nossos familiares e amigos que acompanham Bolsonaro que tentem sair da bolha e tentem ver o que o mundo já viu. Visitem sites de grandes jornais de outros países. Saiam do whatsaap. Não compartilhem mentiras sobre pessoas.
E por fim, que o nosso famoso Deus brasileiro que não é sanguinário, nem vingativo nos proteja das garras sedutoras do neofascismo.
Quer dizer que o Brasil está cansado do sistema representativo que temos, está cansado dos representantes que retornam aos postos no executivo e no legislativo ano a ano e continuam com as mesmas posturas e a cometer os mesmos erros. Quer dizer basta!
Nesse cenário de desesperança, o antipetismo cresce e não considera que houve alguma coisa boa durante os governos do Partido dos Trabalhadores, como a inclusão social, a ascensão das classes economicamente ativas, a política do pleno emprego, a inclusão educacional e a retirada do Brasil do mapa da fome no mundo, dentre inúmeros outros fatores que levaram o nosso país ao posto de 6ª maior economia do mundo.
Os opositores souberam aproveitar a indignação dos brasileiros com o mar de corrupção que tem varrido o país e canalizaram toda a responsabilidade ao PT. Bem, nosso povo tem razão em está indignado com tudo e com todos, mas daí a perder a razão e entregar o país a uma proposta totalitária é muito diferente.
Para quem trabalha e pesquisa o campo da comunicação suas teorias, paradigmas e métodos de manipulação de massas, como também, pesquisa a história da mídia, é extremamente complicado comprovar que os efeitos a determinados estímulos se repetem, embora os meios para chegar até as pessoas sejam bem diferentes do passado.
A comunicação que chega para nossos familiares e amigos que acompanham, defendem e se engajam na campanha do Bolsonaro vem por grupos específicos e não passa pela mídia de referência. Tratam potencialmente de alguns eixos principais e estratégicos de ataque à campanha petista.
De um lado, por meio e visando o público dos neopentecostais o foco é em um moralismo conservador que trata de defender a regulação dos corpos e de criar mentiras toscas e inacreditáveis como kitgay, estereótipos para a mulher de esquerda nos colocando em lugares distintos da moralidade, ou melhor da falsa moral de onde realmente nos distanciamos. Esta semana vi um comentário de uma senhora amiga em um post de uma outra amiga que afirmava que “ou se é cristão ou se vota em Bolsonaro”, algo assim, ao que a senhora respondeu que era melhor votar em Bolsonaro mesmo sendo fascista do que seu filho de 4 anos ser obrigado a mudar de sexo porque o governo do PT queria. Eu não acreditei naquele comentário. Como uma mente pode acreditar em algo desse porte?
De outro lado, potencializam a raiva com mais e mais notícias sobre a corrupção, situando todos os políticos de centro e de esquerda como estando no mesmo barco. Vale pensar que os partidos são amplos e possuem diferentes correntes e diferentes pessoas e nem todas são corruptas.
Em outra vertente é a ideologia anticomunista ressuscitada com grande força depois de mais de quatro décadas adormecida. Essa corrente coloca no mesmo lugar forças de extrema esquerda que hoje não possuímos no Brasil, pelo menos, não concorrendo à Presidência. Essa vertente trabalha o discurso de venezuelização quando, mesmo com todos os erros, os partidos de esquerda que governaram e que se lançaram em campanha para governar o país são os que trabalham para preservar a Constituição e a Democracia. E repito aqui as palavras da Teresa Cruvinel, o risco de venezuelização (enquanto governo ditatorial) do Brasil ocorre muito mais com Bolsonaro, só que na extrema direita, portanto, no outro extremo.
Todavia, o risco mais sério vem da autorização da violência física pela violência simbólica que o discurso de Bolsonaro carrega. Portar armas e colocar armas nas mãos de crianças. Fazer acordo com a indústria do armamento que já conseguiu abrir para votação o Estatuto do desarmamento que o povo brasileiro aprovou em plebiscito em 2005 com a pretensão de reverter a portabilidade de armas no país, é extremamente preocupante.
Nas últimas semanas a violência física autorizada pela violência simbólica tem feito muitas vítimas em todo o país e as ameaças correm soltas nas redes sociais: “Bolsonaro vai matar viado”, “Vamos matar negrinhos”, etc..
Mas tentar esclarecer os que já estão seguindo o Bolsonaro não tem surtido muito efeito. Então mesmo sabendo que parte das nossas famílias e amigos não são fascistas, embora apoiem o fascismo iminente pelo ódio ao PT, ou pela agenda de uma moral conservadora que tem como lema a defesa da tradicional família brasileira, ou simplesmente porque estão na bolha comunicativa que os isola da realidade; só nos resta falar aos 40 milhões de indignados que não estão na bolha, que conhecem a verdade sobre Bolsonaro e também conhecem a verdade sobre o PT.
Para esses 40 milhões é preciso dizer que é preciso evitar que o caos se instale no Brasil. É preciso evitar que o poder se concentre nas mãos de pessoas que não possuem o menor respeito pelo ser humano. É preciso evitar o poder nas mãos de torturadores. É preciso evitar uma chacina maior de pessoas LGBTs, visto que já ocupamos o posto de país que mais mata homossexuais no mundo. É preciso evitar que as mulheres continuem a ser estupradas e mortas a cada hora em nosso país.
O posto maior deste país precisa ser exercido por alguém sensato, com educação suficiente para respeitar o outro, seja ele quem for. Comparem as propostas e vejam o que o mundo já viu, mas o Brasil se recusa a ver: que a intenção de Bolsonaro é pautada no neofascismo e pretende impor um governo ditatorial. E por que o mundo viu e parte do Brasil não? Porque o mundo não está na bolha criada pelos comunicadores do Bolsonaro, nem pelos seguidores engajados que falsificam informações a cada segundo.
Então caríssimos leitores é fato que não estamos no momento que gostaríamos de estar. O PT cometeu inúmeros erros e não devemos permitir que se repitam, mas continuar na democracia é ter a certeza de que os erros podem ser punidos, já voltar na história e cometer os erros de um Estado ditatorial é ter a certeza de que pensar diferente será crime, de que ser diferente será crime. Em nossa atual e imperfeita democracia até aceitar que o partido com pretensões ditatoriais exista é permitido, na ditadura isso não acontece, porque não haverão partidos.
Portanto, pedimos aos 40 milhões de indignados que ajudem o Brasil a sobreviver a essa onda de conservadorismo e risco de totalitarismo. A liberdade é nosso bem mais precioso, vamos preservá-la democraticamente. Pedimos também aos nossos familiares e amigos que acompanham Bolsonaro que tentem sair da bolha e tentem ver o que o mundo já viu. Visitem sites de grandes jornais de outros países. Saiam do whatsaap. Não compartilhem mentiras sobre pessoas.
E por fim, que o nosso famoso Deus brasileiro que não é sanguinário, nem vingativo nos proteja das garras sedutoras do neofascismo.
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