Determinado a gerar lucros e mais lucros para o mercado financeiro, cujos players já acumulam recordes em 2019, o governo brasileiro, parcialmente derrotado na denominada MP da Liberdade Econômica, investe pesado em um processo predatório de recomposição da economia, atuando e investindo, nos últimos dias, em um marketing de vendas da ideia de um primeiro emprego (ideia resgatada dos governos anteriores) e novamente proposta no Programa Verde Amarelo. Todavia, o Verde Amarelo parece ser, como a maioria dos programas da atual gestão, um cavalo de Tróia, visto que na verdade, antecipa uma nova reforma trabalhista que procura tornar os trabalhadores cada vez mais submissos aos empregadores. Sem contar que desqualifica muitas profissões que passam a não ter mais a exigência de registro profissional.
Esta última Medida Provisória, assim como, as anteriores, incluindo a Reforma da Previdência, já aprovada, e, a Reforma Administrativa que vem por aí, faz parte de um conjunto de medidas que de forma holística possuem duas intencionalidades, de um lado, fragilizar os trabalhadores tornando-os novamente reféns dos empregadores e do mercado, com remunerações cada vez mais deficitárias e lucros crescentes ao mercado e aos investidores internacionais. Por outro lado, o objetivo é claro e pretende reduzir o Estado ao mínimo e acabar com os serviços que em nosso país, até agora, constituíam direitos básicos do cidadão.
Tudo isso aliado aos cerca de 30% do índice de aprovação do governo Bolsonaro, só me lembram o grande Bertolt Brecht em seu poema Intertexto, que aqui reproduzo, pois reflete e muito a nossa realidade de cegos guiados para o abismo.
A MP do Programa Verde Amarelo traz em seu bojo questões importantes e que extrapolam o anúncio de empregabilidade bem recebido pela mídia e pelo mercado. Propõe, por exemplo, que profissões como jornalistas, publicitários e radialistas, dentre várias outras, prescindam da exigência de registro profissional, fragilizando as categorias e deixando os profissionais à mercê das decisões patronais, além de impactar no necessário processo de formação e no resultado final dos produtos de cada área, em um momento em que a ética e os valores se encontram em embate social.
Por outro lado, a referida MP propõe várias modificações trabalhistas para muitas categorias que passariam a trabalhar aos sábados, como os bancários que, em caso de aprovação, terão suas cargas horárias aumentadas para 8 h diárias e trabalho aos sábados, além disso, o trabalho aos domingos passa a ser autorizado e o empregador terá o poder de determinar qual o dia da semana a ser compensado com folga.
Portanto, o emprego até pode vir, mas virá com péssimas condições para o trabalhador negociar, sem direitos e com uma expectativa de futuro complicada, quando juntamos trabalho, direitos trabalhistas e previdência futura.
A BÍBLIA NO PODER
Uma dasépocas em que a Bíblia/escritos sagrados estiveram no poder ou bem próximos e grande influentes deste, é conhecida comumente como idade média, ou, idade das trevas, do conservadorismo, do atraso em todos os sentidos. Atraso na disseminação do conhecimento, atraso econômico, atraso inclusive, e, sobretudo, moral visto que não se respeitou o direito à vida, o direito à diversidade e a perversidade reinou. A arte sofreu intervenção direta e foi direcionada.É válido ressaltar que a idade moderna chegou por volta do século XV, mas o obscurantismo continuou com a perseguição religiosa e a inquisição ainda por alguns séculos. A propósito, nem na idade média a terra era plana, este paradigma caiu ainda antiguidade grega.
Então, cá estamos nós, em pleno século XXI, mas de volta à idade das trevas. A bancada da Bíblia que no Brasil ajudou e influenciou na eleição do atual governo, e que continua não só influenciando, mas atuando diariamente na desconstrução dos direitos das minorias e no desrespeito à diversidade, hoje também chegou ao poder através de um golpe militar na Bolívia. A América Latina sangra novamente e tem suas veias abertas.A influência da Teoria da Libertação que ajudou a tirar populações da miséria, hoje parece limitada e restrita.
No Brasil, os estragos de um pensamento lateral e conservador são inestimáveis, mas somente agora começam a ser avaliados com ascensão do bolsonarismo. Por outro lado, na África, onde, por exemplo, a Igreja Universal está presente em cerca de 23 países, várias insurreições populares envolvendo adeptos desta igreja e de outras igrejas brasileiras, tem deixado grandes estragos. Por lá a questão está tão complicada que países como Madagascar proibiu, na década passada a atuação da Universal, proibição hoje já revogada. O fato é que, em San Tomé e Príncipe, Costa do Marfim, Zâmbia, Angola eMadagascar, as Igrejas neopentecostais brasileiras têm provocado danos sociais e até revoltas. Para saber mais leia mais aqui.
Estado laico parece ser coisa do passado. Fiés cegos seguem os donos da palavra divina, autointitulados porta vozes de um Deus que castiga e que dá recompensa, conforme o seu envolvimento na igreja, envolvimento, inclusive, financeiro. Um Deus que condena o corpo e a vida e não respeita às crenças dos outros, visto que se autonomeia o único e verdadeiro. Um Deus que diz trazer a única verdade, condenando as divindades dos outros cidadãos a um estado de negação e de estereotipização negativa, como fazem com os deuses de matrizes africanas. Um Deus que, em suma, de deus não tem nada, nos empurra para o abismo da intolerância. (PS.: não generalizo igrejas, nem pessoas atuantes nelas, visto que cada caso é um caso, falo de atuações fanáticas e dos mercadores da fé).
Esta última Medida Provisória, assim como, as anteriores, incluindo a Reforma da Previdência, já aprovada, e, a Reforma Administrativa que vem por aí, faz parte de um conjunto de medidas que de forma holística possuem duas intencionalidades, de um lado, fragilizar os trabalhadores tornando-os novamente reféns dos empregadores e do mercado, com remunerações cada vez mais deficitárias e lucros crescentes ao mercado e aos investidores internacionais. Por outro lado, o objetivo é claro e pretende reduzir o Estado ao mínimo e acabar com os serviços que em nosso país, até agora, constituíam direitos básicos do cidadão.
Tudo isso aliado aos cerca de 30% do índice de aprovação do governo Bolsonaro, só me lembram o grande Bertolt Brecht em seu poema Intertexto, que aqui reproduzo, pois reflete e muito a nossa realidade de cegos guiados para o abismo.
Intertexto( Brecht)
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas também como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde
Como não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas também como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde
Como não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo
A MP do Programa Verde Amarelo traz em seu bojo questões importantes e que extrapolam o anúncio de empregabilidade bem recebido pela mídia e pelo mercado. Propõe, por exemplo, que profissões como jornalistas, publicitários e radialistas, dentre várias outras, prescindam da exigência de registro profissional, fragilizando as categorias e deixando os profissionais à mercê das decisões patronais, além de impactar no necessário processo de formação e no resultado final dos produtos de cada área, em um momento em que a ética e os valores se encontram em embate social.
Por outro lado, a referida MP propõe várias modificações trabalhistas para muitas categorias que passariam a trabalhar aos sábados, como os bancários que, em caso de aprovação, terão suas cargas horárias aumentadas para 8 h diárias e trabalho aos sábados, além disso, o trabalho aos domingos passa a ser autorizado e o empregador terá o poder de determinar qual o dia da semana a ser compensado com folga.
Portanto, o emprego até pode vir, mas virá com péssimas condições para o trabalhador negociar, sem direitos e com uma expectativa de futuro complicada, quando juntamos trabalho, direitos trabalhistas e previdência futura.
A BÍBLIA NO PODER
Uma dasépocas em que a Bíblia/escritos sagrados estiveram no poder ou bem próximos e grande influentes deste, é conhecida comumente como idade média, ou, idade das trevas, do conservadorismo, do atraso em todos os sentidos. Atraso na disseminação do conhecimento, atraso econômico, atraso inclusive, e, sobretudo, moral visto que não se respeitou o direito à vida, o direito à diversidade e a perversidade reinou. A arte sofreu intervenção direta e foi direcionada.É válido ressaltar que a idade moderna chegou por volta do século XV, mas o obscurantismo continuou com a perseguição religiosa e a inquisição ainda por alguns séculos. A propósito, nem na idade média a terra era plana, este paradigma caiu ainda antiguidade grega.
Então, cá estamos nós, em pleno século XXI, mas de volta à idade das trevas. A bancada da Bíblia que no Brasil ajudou e influenciou na eleição do atual governo, e que continua não só influenciando, mas atuando diariamente na desconstrução dos direitos das minorias e no desrespeito à diversidade, hoje também chegou ao poder através de um golpe militar na Bolívia. A América Latina sangra novamente e tem suas veias abertas.A influência da Teoria da Libertação que ajudou a tirar populações da miséria, hoje parece limitada e restrita.
No Brasil, os estragos de um pensamento lateral e conservador são inestimáveis, mas somente agora começam a ser avaliados com ascensão do bolsonarismo. Por outro lado, na África, onde, por exemplo, a Igreja Universal está presente em cerca de 23 países, várias insurreições populares envolvendo adeptos desta igreja e de outras igrejas brasileiras, tem deixado grandes estragos. Por lá a questão está tão complicada que países como Madagascar proibiu, na década passada a atuação da Universal, proibição hoje já revogada. O fato é que, em San Tomé e Príncipe, Costa do Marfim, Zâmbia, Angola eMadagascar, as Igrejas neopentecostais brasileiras têm provocado danos sociais e até revoltas. Para saber mais leia mais aqui.
Estado laico parece ser coisa do passado. Fiés cegos seguem os donos da palavra divina, autointitulados porta vozes de um Deus que castiga e que dá recompensa, conforme o seu envolvimento na igreja, envolvimento, inclusive, financeiro. Um Deus que condena o corpo e a vida e não respeita às crenças dos outros, visto que se autonomeia o único e verdadeiro. Um Deus que diz trazer a única verdade, condenando as divindades dos outros cidadãos a um estado de negação e de estereotipização negativa, como fazem com os deuses de matrizes africanas. Um Deus que, em suma, de deus não tem nada, nos empurra para o abismo da intolerância. (PS.: não generalizo igrejas, nem pessoas atuantes nelas, visto que cada caso é um caso, falo de atuações fanáticas e dos mercadores da fé).
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