Nos últimos dias o Brasil tem acompanhado o avanço positivo do perfil Sleeping Giants (https://twitter.com/slpng_giants_pt) no combate aos sites que vivem da produção, visibilidade e circulação de fake News ancorados e lucrando com o modelo de financiamento desenvolvido pelas grandes corporações de tecnologia e suas plataformas que sustentam a vida e o mercado nas infovias.
Ferramentas como o Google Adsense e o Googel AdWords oferecem inúmeras formas de potencialização da visibilidade de sites e blogs, além de remuneração mensal. Funciona como um lugar de mediação entre a oferta da produção de conteúdos e o mercado publicitário das grandes empresas, sobretudo, conformando fluxos financeiros em um mercado extremamente bem estruturado, proporcionando grande visibilidade para os anunciantes, visto que os sites, perfis e canais precisam ter um elevado número de acessos/seguidores para receber patrocinadores potenciais.
Há que se considerar também que as próprias plataformas internacionais vinculadas aos conglomerados tecnológicos oferecem aos sites, blogs, canais e perfis, ferramentas diversas para potencialização da visibilidade e criação de um grande público seguidor fiel, apostando na formação crescente destes, como produtos/marcas vendáveis postos em vitrine para ofertar aos grandes anunciantes.
Os sites não tem domínio sobre o contrato com os anunciantes que aparecem em suas páginas, nem tampouco os anunciantes tem domínio, muitos, sequer sabem onde suas marcas e suas peças publicitárias vão parar. O contrato acontece diretamente com as grandes multinacionais através das ferramentas que disponibilizamtanto para um lado, quanto para o outro. E, enquanto atravessadores e vendedores da produção de conteúdo alheia que acontece ou não, em seu território, estabelecemligação direta e permissiva através dos contratos firmados diretamente via ferramentas.
Para saber mais sobre o Google Adsense acesse https://www.google.com.br/adsense/start/?utm_medium=cpc&utm_source=google&utm_campaign=1003747-adsense-acquisition-latam-pt-hybrid-tms&utm_term=google%20adsense&utm_content=262630104958&gclid=Cj0KCQjwn7j2BRDrARIsAHJkxmwyVjUay0wM_llupB-7eBZyQyuSwxf1029th6qx94F4X8enLCSxCsYaAuneEALw_wcB
Para saber mais sobre o gerenciador de negócios do Facebook acesse https://www.facebook.com/business/tools/ads-manager
Teoricamente, não existe um processo antiético no modelo adotado pelas gigantes da internet para mediar o fluxo de anúncios. Em tese todos os envolvidos, a saber: sites, blogs, perfis, canais, além dos anunciantes e as próprias plataformas lucram com as negociações realizadas.
Todavia, diferentemente da publicidade em outros ambientes midiáticos tais como os suportes tradicionais: televisão, rádio e jornal, em que os anunciantes sempre escolheram onde gostariam de colocar suas marcas e veicular suas peças publicitárias, em coerência com algumas premissas do marketing, procurando atingir seus públicos de interesse, investindo em mercados em que estejam situados ou desejam prospectar, como também, procurando agregar valor à marca ao realizar parcerias com anunciantes na mídia, patrocinar ou apoiar eventos culturais, sociais, esportivos e investir em meio-ambiente; no cenário digital teoricamente os públicos encontram-se diluídos e uma empresa pode encontrar seu cliente em ambientes não previstos.
É bem verdade que um cliente de uma empresa como aDell possa vir a ser um assíduo seguidor do site Jornal Cidade Online, apontado como grande fabricador de fake News e analisado pelo Sleeping Giants Brasil, que nos últimos dias tem denunciado inúmeras empresas que estavam financiando o site mencionado, muitas como a Dell, sem conhecimento.
Vale, entretanto, contextualizar que o mercado das informações falsas no Brasil, assim como, nos Estados Unidos, Inglaterra e Rússia tem ganho proporções inimagináveis e que há portanto, um grande trabalho pela frente.
Enquanto nos Estados Unidos o site Breitbarth Newssofreu um grande baque a partir da ação do Sleeping Giants naquele país, assim como outros sites que se fazem passar por jornalísticos, no Brasil estamos apenas no começo. Vale destacar que o Breitbarth News era o antigo site de Steve Bannon que atuou como estrategista da campanha de Donald Trump e Estrategista-Chefe do governo em seu primeiro ano e ficou conhecido como o Darth Vader da Casa Branca
No Brasil, o Grupo Raposo Fernandes Associados merece atenção. Criado em 2013, teve suas ações potencializadas durante a campanha eleitoral de 2018 quando chegou a possuir 114 páginas/sites apoiando a candidatura de Jair Bolsonaro, além de inúmeros perfis, fakes ou não, nas redes sociais. Quase na reta final da campanha, o Facebook, por exemplo, removeu 68 páginas e 43 contas vinculadas ao grupo Raposo Fernandes Associados por violação das políticas da empresa. Em nota, o Facebook afirmou que a exclusão das páginas e contas teve como motivação a publicação de grande quantidade de artigos caça-cliques e direcionamento dos visitantes para páginas externas à rede social.
No centro do sucesso das páginas, perfis e canais na internet encontra-se o domínio completo das ferramentas de potencialização da visibilidade e monetização disponibilizadas pelas multinacionais da tecnologia, que sedizem inocentes no processo.
Porém, para o site The Intercept Brasil, no entanto, nem tudo parece ser somente consequências não previstas. Em matéria veiculada em 19 de novembro de 2019 e denominada Grana por cliques: Fake News a 25 mil por mês: como o Google treinou e enriqueceu blogueiros antipetistas. Na matéria, os jornalistas Roberto Ghedin, Tatiana Dias e Paulo Victor Ribeiro afirmam que seis blogueiros se reuniram na Google Brasil em São Paulo ainda em julho de 2016, a convite da própria Google que ofereceu um treinamento de como aumentar os lucros do site ou blog a partir do Adsense, que facilita o encontro entre quem produz conteúdo e quem veicula anúncios publicitários. Para conferir esta matéria acesse: https://theintercept.com/2019/11/19/fake-news-google-blogueiros-antipetistas/
Enfim, acreditamos que as ações do Sleeping Giantsdevem se somar às ações da CMPI- Comissão Mista Parlamentar de Inquérito das Fake News cujos trabalhos podem ser acompanhados diretamente no site do Senado ou no canal da CPMI no You Tube. Vale destacar que cada audiência da CMPI é como um episódio de uma websérie, com muitas informações, debates e polêmicas.
Por outro lado, tão importante quanto essas iniciativas, é a legislação e regulação em torno da temática que passa também pela legislação e regulação da atuação das multinacionais de tecnologia em território nacional.
Um primeiro passo é a aprovação do Projeto de Lei 2.630/2020 de combate às fakes News de autoria do Senador Alessandro Vieira do Partido Cidadania- Sergipe que deverá ser votado no Senado na próxima semana.
Fiquemos atentos!
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.