Já não me lembro se foi o poeta João Batista ou o Vicente Evangelista quem primeiro me falou de Maria Pangula. O certo é que resolvi visitá-la. Meados da década de 1970. Eu estava preparando o show Cenas Piauiense – o Rio. O show era um sarapatel no qual se misturavam teatro, poesia, música e protesto. O tema era o rio Parnaíba. Pangula tinha um quê de Clementina de Jesus: o vozeirão, firmeza dos gestos, a origem humilde.
Proseamos um pouco e, de cara, convidei-a para participar do show. A partir de então, ficamos amigos. Participou de outros eventos que realizei sempre com enorme sucesso. Uma tarde, resolvi entrevistá-la. A violeira, falou de tudo: da origem humilde no sertão de Simplício Mendes, da decisão ousada de tocar viola, dos “camaradas” (maridos), das cantorias. Lá pelas tantas soltou um repente: “Eu sou Maria Pangula,/nunca frequentei escola;/ o que a vida me ensinou/guardo tudo na cachola./O que você faz com a caneta/eu também faço com a viola”.
“Eu não sou repentista; sou violeira”, afirmou. “Uma vez, meu camarada, o Oscar, arrumou uma cantoria em Parnaíba. Ele sabia ler, escrever, cantar. Eu não sabia nada. Fizemos a viagem de trem. Eu pedi a ele: Oscar, leia pra mim “Coco Verde e Melancia”, um folheto com mais de 20 páginas. Ele ia lendo e eu escutando. Quando chegamos em Parnaíba, eu tinha decorado o folheto inteiro. Cantei todinho sem errar um verso. Todo mundo ficou abismado”.
Decidi fazer um livrinho com a história da violeira. Rosa Pereira da Silva e Ana Cristrina Batista cuidaram da tarefa. Publiquei o texto na coleção “Meninos, eu vi!”. Depois, fiz uma gravação para a TV, mas não sei onde guardei a fita. Um dia, encontrarei.
Maria Assunção do Senhor, a Pangula, saiu de cena em 1990. Deixou como legado a coragem, a ousadia e a beleza do seu canto agreste. Pangula Vive.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural.
Proseamos um pouco e, de cara, convidei-a para participar do show. A partir de então, ficamos amigos. Participou de outros eventos que realizei sempre com enorme sucesso. Uma tarde, resolvi entrevistá-la. A violeira, falou de tudo: da origem humilde no sertão de Simplício Mendes, da decisão ousada de tocar viola, dos “camaradas” (maridos), das cantorias. Lá pelas tantas soltou um repente: “Eu sou Maria Pangula,/nunca frequentei escola;/ o que a vida me ensinou/guardo tudo na cachola./O que você faz com a caneta/eu também faço com a viola”.
“Eu não sou repentista; sou violeira”, afirmou. “Uma vez, meu camarada, o Oscar, arrumou uma cantoria em Parnaíba. Ele sabia ler, escrever, cantar. Eu não sabia nada. Fizemos a viagem de trem. Eu pedi a ele: Oscar, leia pra mim “Coco Verde e Melancia”, um folheto com mais de 20 páginas. Ele ia lendo e eu escutando. Quando chegamos em Parnaíba, eu tinha decorado o folheto inteiro. Cantei todinho sem errar um verso. Todo mundo ficou abismado”.
Decidi fazer um livrinho com a história da violeira. Rosa Pereira da Silva e Ana Cristrina Batista cuidaram da tarefa. Publiquei o texto na coleção “Meninos, eu vi!”. Depois, fiz uma gravação para a TV, mas não sei onde guardei a fita. Um dia, encontrarei.
Maria Assunção do Senhor, a Pangula, saiu de cena em 1990. Deixou como legado a coragem, a ousadia e a beleza do seu canto agreste. Pangula Vive.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural.
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