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Terça-feira, 26 de novembro de 2024
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Redação

contato@acessepiaui.com.br

04/03/2024 - 11h38

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04/03/2024 - 11h38

O Brasil democrático e com justiça social que queremos

 

Sinto falta do povo nas ruas, da renovação dos movimentos sociais, da luta democrática

 Sinto falta do povo nas ruas, da renovação dos movimentos sociais, da luta democrática

O contexto econômico, social e político que enfrenta o governo Lula 3 é diferente do Lula 1 e 2. Estes, naquele contexto, tiveram condições mais favoráveis para viabilizar pautas do povo e dos movimentos populares.

Lula 3 vive o semipresidencialismo. O Congresso divide o poder com o executivo na execução do orçamento, sem falar que não temos maioria para aprovar pautas que promovam igualdade social.

Governos Temer e Bolsonaro arrocharam salários dos servidores, reduziram recursos para área social e impuseram uma agenda de retirada de direitos. No caso dos servidores públicos, basta ver as diversas tentativas de aprovar uma reforma administrativa, que retira direitos.  

Lula 3 ainda na transição, garantiu recursos orçamentários para viabilizar 9% de reajuste para os servidores do executivo, fato que foi viabilizado em 2023. Tirou de pauta a reforma administrativa, que a direita via Arthur Lira, tenta a toda hora pautar no Congresso conservador.

No governo Lula 3, assim como nos Lula 1 e Lula 2, os movimentos sociais retomaram o espaço de interlocução, para negociar pautas sociais e econômicas.

É certo e de direito que os movimentos sociais pressionem o governo pelo atendimento de suas pautas. Agora, isso não dá direito nem do governo e nem dos movimentos sociais usarem de radicalismo e de intransigência nas negociações. É preciso buscar equilíbrio e sensatez no atendimento de reivindicações. Significa que Lula 3 não é inimigo dos movimentos sociais. Movimentos sociais não devem tratar o Lula 3 como inimigo.  Significa dizer que essa postura além sadia, deve servir de referência para governos estaduais democráticos populares.

Agora, cabe aos movimentos hoje disputar nas ruas e junto ao Congresso Nacional a pauta (projeto democrático que promova igualdade social) e influir de forma mais decidida na agenda do governo. Isto ajudaria Lula 3 a viabilizar pautas do povo e dos movimentos populares. Infelizmente, isto não vem acontecendo, quem vem pautando em grande parte os rumos do governo é o Congresso conservador e até mesmo a extrema direita.

Negociação com servidores  

No último dia 28 de fevereiro houve mais uma rodada de negociação do governo Lula 3 com os servidores federais do executivo. No ano passado, o governo concedeu 9% de reajuste. E propõe 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026. As perdas referentes aos governos Temer e Bolsonaro alcançaram 30%. Não propôs reajuste salarial este ano. Propôs reajustar o ticket alimentação, o auxílio creche e a contrapartida nos planos de saúde a partir de maio deste ano. Na última mesa, afirmou que só dará reajuste condicionado ao aumento da arrecadação.

Não tem mais sentido os movimentos sociais pressionarem Lula 3 apenas por pautas salariais e interesses corporativos. O momento cobra compromissos e contrapartidas de todos os lados envolvidos.

Portanto, nós servidores, termos sidos indiferentes e até condescendentes com os governos Temer e Bozo - que nem mesa de negociação tinha - e, que amargamos retiradas de direitos e arrochos salariais, não nos dá o direito de tratarmos agora Lula 3 como inimigo. Isto vale também para o governo Lula 3, que não deve ser apenas permissivo com o Congresso Conservador e as grandes corporações privadas, principalmente aquelas que sonegam impostos.

Sinto falta do povo nas ruas, da renovação dos movimentos sociais, da luta democrática pelos rumos do Brasil que queremos!

Brasil que queremos  

Somos novamente desafiados a ajustar contas com o passado de golpes. É fato que em todas ocasiões históricas que houveram golpes, uma classe social conservadora e atrasada saiu feliz. Ou porque garantiu o golpe ou porque foi anistiada.

Somos desafiados mais uma vez a passar a limpo essa lógica, cuja oportunidade foi desperdiçada pelos governos democráticos populares pós-ditadura de 1964.

Dessa vez não tem guerrilha da esquerda para "contrabalançar" os crimes cometidos pelos militares e assim justificar "uma anistia geral e irrestrita". Desta vez tem somente uma classe social conservadora (atrasada) que agiu sozinha para dar um golpe no dia 08 de janeiro de 2023, que não deu certo e que agora quer sair novamente feliz, sendo anistiada.

Esse povo que tentou dar um Golpe de Estado não deve sair feliz de novo com uma possível anistia do Congresso, sob pena desse ciclo se repetir e da próxima vez tenham sucesso - repito - tal como tiveram em 1964 e nas outras oportunidades. 

REPETINDO: Sinto saudades do povo nas ruas, da renovação dos movimentos sociais, da luta democrática pelos rumos do Brasil que queremos!  

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Cantidio Filho - Jornalista e Professor Mestre da UFPI. 

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