Antes de ser decretada oficialmente a pandemia de coronavírus no Brasil, lancei o livro "Abandono", um retrato contextualizado sobre as pessoas em situação de rua. Foram dois anos de "trabalho de campo". Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e Teresina.
A "crise humanitária", muito bem definida pelo padre Júlio Lancellotti, já estava assustadora, especialmente nos grandes centros urbanos. No livro, em meio a tantas exposições do grau máximo de miséria nas calçadas dessa terra "mãe gentil", apresentei um certo um poema, de minha autoria, chamado "O julgamento", dividido em três partes. Este:
ACUSAÇÃO
Preguiçosos
Indolentes
Inúteis
Viciados
Doidos
Ladrões
Sujos
Perigosos
Vagabundos a empestear a cidade dos homens e mulheres de bens.
SENTENÇA
Coitados, mas culpados
Fracos
São fracassados.
Quem quer não vive na rua, não faz do chão a cama
Da lata de lixo, o restaurante.
Os fortes, os vitoriosos, não temos nada a ver com isso.
Pagamos impostos!
PENA
Para ti, pobre coitado, o abandono
Apenas alguma caridade, para que não morra de fome nessa rua
Quieto!
Invisível!
A fala do Pastor Marcos Granconato, da Igreja Batista Redenção, ajustou a sentença do poema "O julgamento":
Mendigos têm o dever bíblico de passar fome.
Na calçada do Ministério da Economia, em maio de 2022, a "pandemia" de abandonados continua. Nada demais. Deus está acima de todos. E o Brasil, acima de tudo, vai bem, obrigado.
A "crise humanitária", muito bem definida pelo padre Júlio Lancellotti, já estava assustadora, especialmente nos grandes centros urbanos. No livro, em meio a tantas exposições do grau máximo de miséria nas calçadas dessa terra "mãe gentil", apresentei um certo um poema, de minha autoria, chamado "O julgamento", dividido em três partes. Este:
ACUSAÇÃO
Preguiçosos
Indolentes
Inúteis
Viciados
Doidos
Ladrões
Sujos
Perigosos
Vagabundos a empestear a cidade dos homens e mulheres de bens.
SENTENÇA
Coitados, mas culpados
Fracos
São fracassados.
Quem quer não vive na rua, não faz do chão a cama
Da lata de lixo, o restaurante.
Os fortes, os vitoriosos, não temos nada a ver com isso.
Pagamos impostos!
PENA
Para ti, pobre coitado, o abandono
Apenas alguma caridade, para que não morra de fome nessa rua
Quieto!
Invisível!
A fala do Pastor Marcos Granconato, da Igreja Batista Redenção, ajustou a sentença do poema "O julgamento":
Mendigos têm o dever bíblico de passar fome.
Na calçada do Ministério da Economia, em maio de 2022, a "pandemia" de abandonados continua. Nada demais. Deus está acima de todos. E o Brasil, acima de tudo, vai bem, obrigado.
Mauro Sampaio
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