1. O evento tende a provocar algum crescimento, ainda que pequeno, das candidaturas que figuram mais abaixo nas pesquisas. Esse dado seria irrelevante noutro cenário, mas no caso poderá ser determinante para a realização de um indesejável segundo turno. Isso será mais bem sopesado na última semana de setembro, quando parte do eleitorado talvez decida migrar o apoio a uma candidatura menor para a de Lula, a fim de definir a eleição já no primeiro turno (uma migração desse tipo ocorreu com os votos de Marina a favor de Ciro em 2018, feita espontaneamente pelo eleitorado, mas com objetivo diverso).
2. A rejeição a Bolsonaro sai mais consolidada - isto é, quem já rejeitava antes tenderá ainda mais a manter essa posição. Embora não surpreenda, não deixa de ser curioso que os bolsonaristas presentes no estúdio da Band tenham comemorado os ataques pessoais à jornalista Vera Magalhães, para, logo em seguida, saberem o óbvio: as pesquisas qualitativas encomendadas por eles mesmos indicavam que a atitude pegou muito mal com os grupos de indecisos.
Hoje em dia quase todos vivem numa bolha, mas ao que parece a bolha bolsonarista vai mesmo desumanizando seus integrantes.
3. Gostei da participação de Lula, ainda que não tenha sido o melhor debatedor e tenha frustrado a expectativa daqueles que desejavam vê-lo como estrela do evento (algo que eu já sabia que seria muito pouco provável de ocorrer, dados o formato e os perfis dos demais debatedores). Gostei especialmente da forma que respondeu às provocações de Ciro - mostrou um preparo emocional invejável, o que, em minha opinião, consiste atualmente num atrativo relevantíssimo junto à população, mui cansada do cenário de rupturas afetivas nas relações pessoais de quase todos, ocasionadas com o surgimento do fanatismo bolsonarista e seu respectivo discurso antipluralista.
4. Muitos não lembram, mas, em 2018, Ciro Gomes pediu à Justiça Federal para visitar Lula na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, tendo como fundamento o fato de serem "amigos"; o pleito foi indeferido e ele recorreu ao TRF4 e depois ao Superior Tribunal de Justiça, tentando essa visita.
Pois bem: você não pode desejar visitar um "amigo" na prisão ao ponto de brigar na justiça por esse direito, e, passados alguns anos, passar a escarnecer publicamente dela em um debate pelo fato de ter estado presa, objetivando assim humilhá-la. Isso é extremamente desleal; é abjeto, até.
E Ciro, como toda pessoa bem informada, sabe que as imputações criminais formalizadas contra Lula na Lava Jato consistiram simplesmente em fraudes organizadas; processos em que acusadores e juízes estavam conluiados para angariarem fama, dinheiro, poder e status às custas da criminalização indevida de um político famoso - tudo já bem desnudado pela Vaza Jato. Não é por outra razão que Moro e Dallagnol estão aí, hoje, colhendo, na política e na vida empresarial, os frutos das ilicitudes que praticaram.
Lula errou muito gravemente em uma declaração ontem: ao contrário do que disse, Ciro não tem, não, um coração gigante. Talvez tivesse tempo atrás, quando eu mesmo votara nele, mas se perdeu. Atualmente, tangencia a psicopatia.
*****
Márcio Augusto D. Paixão é advogado - nas redes sociais.
2. A rejeição a Bolsonaro sai mais consolidada - isto é, quem já rejeitava antes tenderá ainda mais a manter essa posição. Embora não surpreenda, não deixa de ser curioso que os bolsonaristas presentes no estúdio da Band tenham comemorado os ataques pessoais à jornalista Vera Magalhães, para, logo em seguida, saberem o óbvio: as pesquisas qualitativas encomendadas por eles mesmos indicavam que a atitude pegou muito mal com os grupos de indecisos.
Hoje em dia quase todos vivem numa bolha, mas ao que parece a bolha bolsonarista vai mesmo desumanizando seus integrantes.
3. Gostei da participação de Lula, ainda que não tenha sido o melhor debatedor e tenha frustrado a expectativa daqueles que desejavam vê-lo como estrela do evento (algo que eu já sabia que seria muito pouco provável de ocorrer, dados o formato e os perfis dos demais debatedores). Gostei especialmente da forma que respondeu às provocações de Ciro - mostrou um preparo emocional invejável, o que, em minha opinião, consiste atualmente num atrativo relevantíssimo junto à população, mui cansada do cenário de rupturas afetivas nas relações pessoais de quase todos, ocasionadas com o surgimento do fanatismo bolsonarista e seu respectivo discurso antipluralista.
4. Muitos não lembram, mas, em 2018, Ciro Gomes pediu à Justiça Federal para visitar Lula na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, tendo como fundamento o fato de serem "amigos"; o pleito foi indeferido e ele recorreu ao TRF4 e depois ao Superior Tribunal de Justiça, tentando essa visita.
Pois bem: você não pode desejar visitar um "amigo" na prisão ao ponto de brigar na justiça por esse direito, e, passados alguns anos, passar a escarnecer publicamente dela em um debate pelo fato de ter estado presa, objetivando assim humilhá-la. Isso é extremamente desleal; é abjeto, até.
E Ciro, como toda pessoa bem informada, sabe que as imputações criminais formalizadas contra Lula na Lava Jato consistiram simplesmente em fraudes organizadas; processos em que acusadores e juízes estavam conluiados para angariarem fama, dinheiro, poder e status às custas da criminalização indevida de um político famoso - tudo já bem desnudado pela Vaza Jato. Não é por outra razão que Moro e Dallagnol estão aí, hoje, colhendo, na política e na vida empresarial, os frutos das ilicitudes que praticaram.
Lula errou muito gravemente em uma declaração ontem: ao contrário do que disse, Ciro não tem, não, um coração gigante. Talvez tivesse tempo atrás, quando eu mesmo votara nele, mas se perdeu. Atualmente, tangencia a psicopatia.
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Márcio Augusto D. Paixão é advogado - nas redes sociais.
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