O que está acontecendo (crise política brasileira) é uma disrupção, expressão nova em nosso vocabulário, oriunda do termo anglo-saxão, disruption e cujo significado é associado à confusa etapa intermediaria na transição de um modelo em crise para outro inovador. Temos uma oportunidade única para livrar-nos de um esquema de corrupção entranhado há décadas em nossas estruturas político-partidárias.
Cabe à imprensa e aos cidadãos a responsabilidade de ver a crise atual como a desestruturação de um sistema viciado e não como um apocalipse político. Encarar como uma disrupção, fenômeno comum na história da humanidade porque ocorreu após quase todas as grandes inovações tecnológicas, tem como corolário uma atitude pesquisadora, interessada em descobrir porque e como as coisas acontecem. Mais do que isto implica um comportamento mais preocupado com a objetividade do que em defender posições adquiridas. É o antípoda da síndrome do conceito rasteiro de caos, onde o passionalismo e o medo predominam. Falei em conceito rasteiro, porque existe uma teoria científica do caos que é uma coisa séria e revolucionária.
Para que as pessoas desenvolvam esta percepção é necessário que as informações publicadas tenham a perspectiva de que é uma crise de transformação, que implica a implosão de um sistema corrompido e o decorrente período de instabilidade antes da consolidação de um novo modelo partidário.
É um desafio especialmente relevante para a imprensa porque pode ajudar a restabelecer a confiança do público nos jornais, revistas e telejornais, condição essencial para estes veículos sobrevivam aos traumas do ingresso na era digital. O que estamos observando, no entanto, é a grande mídia nacional procurando ficar em cima do muro.
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Carlos Castilho é editor do Observatório da
Imprensa e aluno do pós doutorado no POSJOR/UFSC
Carlos Castilho
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