A arqueóloga Niéde Guidon fez e faz um trabalho fantástico no Parque Nacional da Serra da Capivara em São Raimundo Nonato, sem ela o parque estaria condenado ao esquecimento e ao anonimato. Portanto, a ela devemos ser eternamente gratos. Contudo, associar a sua saída exclusivamente à falta de recursos financeiros para a administração do parque e, dizer que por essa razão o parque fechará suas portas é terrorismo moral, pura bobagem.
Em verdade, Niéde Guidon, aos 83 anos, não tem mais a mesma saúde e a mesma disposição para os afazeres assumidos a 20 ou 30 anos atrás, sente necessidade de passar o bastão, isso é natural, como natural sua indignação com os governos estadual e federal, a partir do momento que deixou de ter o controle financeiro dos recursos destinados ao parque, nada a ressalvar.
O parque cresceu, ganhou estrutura, foi criado o belo Museu do Homem Americano e, depois de 17 anos, foi inaugurado o Aeroporto Internacional da Serra da Capivara. São conquistas históricas para a região, precisam ser preservadas, mas é necessário que sejamos racionais na forma de conduzir nossas reivindicações, o caminho é longo e sinuoso, essa luta não pode ser a luta de uma pessoa só, será preciso que a sociedade civil se reorganize, busque o apoio e as ações do Ministério Público, do Poder Judiciário (o que aliás, já vem sendo feito), dos nossos parlamentares, do poder público etc, pois dias mais difíceis ainda virão.
É tempo de transição, normal o desconforto e a apreensão, será preciso muita coragem e disposição para enfrentar essa dura realidade; o parque sobreviverá, não apostem no contrário.
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Alípio Brandão Neto, promotor de justiça e jornalista, nas redes sociais.
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