A crise econômica mundial, iniciada em 2008/09 e que chegou ao Brasil ao final de 2014, teve seus efeitos ampliados pelo impasse político resultante da radicalização dos que perderam a eleição presidencial de 2014 e resolveram partir para a articulação do golpe desde o primeiro dia, com a consequente incapacidade de governo Dilma formar base estável de sustentação no Congresso (o que em boa parte resulta também do caótico sistema político vigente no País).
Agora a crise chegou com força e atinge todas a áreas da economia e da sociedade. Mesmo o comércio internacional sofre seus efeitos, como bem demonstram os dados oficiais publicados pelo Diário Econômico do Banco do Nordeste: “A balança comercial brasileira apresentou superávit recorde de US$ 32,3 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). No mesmo período do ano passado, o saldo positivo foi consideravelmente menor (US$ 7,3 bilhões).”
O saldo positivo na balança comercial é bom pra economia, pois ajuda a equilibrar o balanço de pagamentos do País. Todavia, a crise está embutida no fato que o saldo resulta da severa queda das importações, conforme os seguintes dados: “As exportações brasileiras atingiram US$ 123,6 bilhões registrando queda de 3,7%, enquanto as importações somaram US$ 91,2 bilhões, com expressiva retração de 24,6%, no período comparativo janeiro a agosto de 2016 frente a janeiro a agosto de 2015.” Fica claro que, em relação a 2015, o comercio exterior caiu em 2016, pois houve redução das exportações e das importações.
O governo Temer parece ter força parlamentar, pois resultou de um golpe que teve mais de 2/3 dos votos da Câmara e do Senado. Com este problema aparentemente equacionado, a questão é saber se ele terá legitimidade pra governar, perante a nós brasileiros e diante do mundo, e que interesses defenderá prioritariamente. Como o governo enfrentará a crise econômica? O ônus de seu enfrentamento será distribuído por todos ou jogado pesadamente sobre os mais pobres, como se fazia no passado?
É evidente que a agenda que saiu vitoriosa nas eleições foi substituída, via golpe, pela agenda derrotada. Então já sabemos que os interesses prioritários são os do Mercado, na verdade não de todo o Mercado, mas daqueles mais diretamente vinculados ao grande capital. Então, ao fim e ao cabo, neste sete de setembro, trata-se de saber em que medida o Brasil da exclusão voltará à ordem do dia. Será uma volta rápida e radical ou a será um processo paulatino, mas firme, que permita ás forças da direita ajustar as mudanças excludentes ao calendário eleitoral?
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Merlong Solano é professor da Ufpi,
suplente de deputado federal e secretário estadual do governo.
Merlong Solano
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