O livro “Pé de Ferro & Outros Poemas”, escrito pelo jornalista e poeta piauiense, radicado em São Paulo, Adalberto Monteiro, será lançado no dia 23 de maio, às 19h, na Casa da Cultura de Teresina (Praça Saraiva, Centro). A obra é da casa editorial Anita Garibaldi.
O livro é uma diversidade poética de temas, tempos e territórios. “Com dor, lirismo, paixão, erotismo, Adalberto nos traz a poesia. Mas também como faca, como punhal afiado, como fuzil, como petardo. A poesia que ele nos presenteia é múltipla como a face do tempo que vivemos”, destaca o escritor cearense Joan Edesson de Oliveira no prefácio da obra.
Um dos poemas de Pé de Ferro proclama o que talvez seria sua síntese: “O que é um livro de poemas senão os olhos arregalados querendo saltar dos ossos da face para vislumbrar o futuro? O que será um livro de poemas senão o estuário no qual desembocam as alegrias e as desgraças do mundo?”
Essa multiplicidade de motivações poéticas está distribuída em cinco capítulos, quase como fossem cinco livros encadeados numa só obra. Como bem salienta o escritor paulistano Jeosafá Fernandes Gonçalves na “orelha” do livro: “Adalberto Monteiro, poeta que no caco solto antevê o mosaico de identidades truncadas, recolhe neste Pé de ferro & outros poemas os fragmentos mal soldados que, ao se despregarem da colcha de retalhos algo rota da metrópole e do mundo, caíram-lhe às mãos como migalhas crocantes de pão fresco.” A metrópole é a cidade de São Paulo.
O escritor pernambucano Urariano Mota, relaciona a biografia de Adalberto com sua produção poética: “Adalberto Monteiro, nascido no Piauí, criado em Goiás, há 15 anos amadurece em São Paulo. E nessa cidade ele redescobre poesia onde muitos imigrantes apenas veem angústia. Isso me espanta, mas é um bom espanto, o de crer que da sua poética vêm lições de vida.”
Para o escritor e professor de Literatura da Universidade de Brasília, Alexandre Pilati o livro de Adalberto é uma poesia que comove, em sentido amplo. “Comove porque nos incita à ação, comove porque impressiona, comove porque provoca a dureza da nossa alma, tão desacostumada a dar a atenção devida à beleza da vida. Ao nível do canto, ao nível do chão, essa poesia tem o grande mérito de ser expressão consciente de uma concepção de poesia que está traduzida em um dos textos de Pé de ferro & outros poemas: “O que será um livro de poemas senão o estuário no qual desembocam as alegrias e desgraças do mundo?” “O autor—arremata Pilati -- sabe, como poucos, estar à altura de seu conceito de poesia, dando voz ao que nos salva e nos humilha; exprimindo poeticamente o que nos oprime e o que nos redime.”
Entre os poemas, há aqueles que captam com lirismo sensível aquelas memórias da origem nordestina que forja homens e mulheres resistentes e solidários. Os reflexos da infância do autor vivida no Piauí comparece em poemas como Cicatriz:“Pai-véi” vivia pelos ermos, / Liderava dezenas de trabalhadores / Erguendo construções. / Teve filho por fora, / Tomou muita cachaça. / Muito generoso era ele, / Dava tudo que tinha. / Mãe-veia se não vigiasse, / Ele doava até as calças que vestia... / Quando não estava no eito, / Lá estava ele na estação do Cocal, / Levando gente a Parnaíba, / E, também, a Teresina, a Capital. / Levava gente para “internar” ou aposentar... / “Mãe-veia” matava leitão / Com uma pancada de mão de pilão. / Fazia paçoca de carne seca / Com cebola roxa. / Garapa de pitomba, / Refresco de maracujá.
Da experiência paulistana, há aqueles que retratam as cenas da cidade que passam desapercebidas pela multidão. "Até ontem era uma menina. / Está descalça, mas usa meias, / Que combinam com sua calça cáqui. / À moda dos piratas, / Um lenço grafite amarrado na cabeça. / Está suja sim, mas não imunda. / Na sarjeta, um resto de elegância, / Um fragmento de vaidade, / Uma raiz de dignidade. / Um broto novo da árvore da vida / Tenta sobreviver às pragas. / Mas seu corpo esguio tremula muito. / E no seu rosto belo, moreno, / Há tanto pânico, tanto medo, / Que não sei se ela conseguirá. / Uma brasileira às portas da juventude / Agoniza / À boca da estação República.
Brografia do autor
Adalberto Alves Monteiro nasceu em Cocal, estado do Piauí, em 8 de dezembro de 1957. A família migrou para Goiânia, Goiás, em 1964. Na terra adotiva, Adalberto residiu até 2001. Formou-se em jornalismo, pela Universidade Federal de Goiás, em 1980. Nela, participou do movimento estudantil e engajou-se na luta contra a ditadura militar. Em 1979, entrou para o Partido Comunista do Brasil, PCdoB, à época semiclandestino. De 1980 a 1982, coordenou a sucursal goiana do jornal Tribuna da Luta Operária. Entre 1983 e 1988 exerceu, por vários períodos, o mandato de vereador na capital goiana. Em Goiânia, publicou seus dois primeiros livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos (1991) e Verbos do Amor & Outros Versos (1997). Desde 2002, mora na cidade de São Paulo. É membro da direção nacional do PCdoB. Presidiu a Fundação Maurício Grabois, no período de 2008 a março de 2016. É editor da revista Princípios. Em 2005, publicou As Delícias do Amargo & uma Homenagem, livro, também, de poemas.
O livro é uma diversidade poética de temas, tempos e territórios. “Com dor, lirismo, paixão, erotismo, Adalberto nos traz a poesia. Mas também como faca, como punhal afiado, como fuzil, como petardo. A poesia que ele nos presenteia é múltipla como a face do tempo que vivemos”, destaca o escritor cearense Joan Edesson de Oliveira no prefácio da obra.
Um dos poemas de Pé de Ferro proclama o que talvez seria sua síntese: “O que é um livro de poemas senão os olhos arregalados querendo saltar dos ossos da face para vislumbrar o futuro? O que será um livro de poemas senão o estuário no qual desembocam as alegrias e as desgraças do mundo?”
Essa multiplicidade de motivações poéticas está distribuída em cinco capítulos, quase como fossem cinco livros encadeados numa só obra. Como bem salienta o escritor paulistano Jeosafá Fernandes Gonçalves na “orelha” do livro: “Adalberto Monteiro, poeta que no caco solto antevê o mosaico de identidades truncadas, recolhe neste Pé de ferro & outros poemas os fragmentos mal soldados que, ao se despregarem da colcha de retalhos algo rota da metrópole e do mundo, caíram-lhe às mãos como migalhas crocantes de pão fresco.” A metrópole é a cidade de São Paulo.
O escritor pernambucano Urariano Mota, relaciona a biografia de Adalberto com sua produção poética: “Adalberto Monteiro, nascido no Piauí, criado em Goiás, há 15 anos amadurece em São Paulo. E nessa cidade ele redescobre poesia onde muitos imigrantes apenas veem angústia. Isso me espanta, mas é um bom espanto, o de crer que da sua poética vêm lições de vida.”
Para o escritor e professor de Literatura da Universidade de Brasília, Alexandre Pilati o livro de Adalberto é uma poesia que comove, em sentido amplo. “Comove porque nos incita à ação, comove porque impressiona, comove porque provoca a dureza da nossa alma, tão desacostumada a dar a atenção devida à beleza da vida. Ao nível do canto, ao nível do chão, essa poesia tem o grande mérito de ser expressão consciente de uma concepção de poesia que está traduzida em um dos textos de Pé de ferro & outros poemas: “O que será um livro de poemas senão o estuário no qual desembocam as alegrias e desgraças do mundo?” “O autor—arremata Pilati -- sabe, como poucos, estar à altura de seu conceito de poesia, dando voz ao que nos salva e nos humilha; exprimindo poeticamente o que nos oprime e o que nos redime.”
Entre os poemas, há aqueles que captam com lirismo sensível aquelas memórias da origem nordestina que forja homens e mulheres resistentes e solidários. Os reflexos da infância do autor vivida no Piauí comparece em poemas como Cicatriz:“Pai-véi” vivia pelos ermos, / Liderava dezenas de trabalhadores / Erguendo construções. / Teve filho por fora, / Tomou muita cachaça. / Muito generoso era ele, / Dava tudo que tinha. / Mãe-veia se não vigiasse, / Ele doava até as calças que vestia... / Quando não estava no eito, / Lá estava ele na estação do Cocal, / Levando gente a Parnaíba, / E, também, a Teresina, a Capital. / Levava gente para “internar” ou aposentar... / “Mãe-veia” matava leitão / Com uma pancada de mão de pilão. / Fazia paçoca de carne seca / Com cebola roxa. / Garapa de pitomba, / Refresco de maracujá.
Da experiência paulistana, há aqueles que retratam as cenas da cidade que passam desapercebidas pela multidão. "Até ontem era uma menina. / Está descalça, mas usa meias, / Que combinam com sua calça cáqui. / À moda dos piratas, / Um lenço grafite amarrado na cabeça. / Está suja sim, mas não imunda. / Na sarjeta, um resto de elegância, / Um fragmento de vaidade, / Uma raiz de dignidade. / Um broto novo da árvore da vida / Tenta sobreviver às pragas. / Mas seu corpo esguio tremula muito. / E no seu rosto belo, moreno, / Há tanto pânico, tanto medo, / Que não sei se ela conseguirá. / Uma brasileira às portas da juventude / Agoniza / À boca da estação República.
Brografia do autor
Adalberto Alves Monteiro nasceu em Cocal, estado do Piauí, em 8 de dezembro de 1957. A família migrou para Goiânia, Goiás, em 1964. Na terra adotiva, Adalberto residiu até 2001. Formou-se em jornalismo, pela Universidade Federal de Goiás, em 1980. Nela, participou do movimento estudantil e engajou-se na luta contra a ditadura militar. Em 1979, entrou para o Partido Comunista do Brasil, PCdoB, à época semiclandestino. De 1980 a 1982, coordenou a sucursal goiana do jornal Tribuna da Luta Operária. Entre 1983 e 1988 exerceu, por vários períodos, o mandato de vereador na capital goiana. Em Goiânia, publicou seus dois primeiros livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos (1991) e Verbos do Amor & Outros Versos (1997). Desde 2002, mora na cidade de São Paulo. É membro da direção nacional do PCdoB. Presidiu a Fundação Maurício Grabois, no período de 2008 a março de 2016. É editor da revista Princípios. Em 2005, publicou As Delícias do Amargo & uma Homenagem, livro, também, de poemas.
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