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Redação

contato@acessepiaui.com.br

16/11/2018 - 10h01

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16/11/2018 - 10h01

A visita de Baris, o "meu" beija-flor voluntarioso

Hoje estava bem-humorado. Banhou-se nas gotículas de água das folhas, espanejou-se e veio sentar-se bem perto de mim.

 Cineas Santos

Miúdo, solitário, arisco e que hoje estava bem humorado

 Miúdo, solitário, arisco e que hoje estava bem humorado

Hoje, a exemplo do que acontece todos os dias, quando me levantei da cama, fui aguar as minhas plantas. É com esse gesto simples, mas carregado de simbologia, que me preparo para os embates de cada dia. Mal liguei a mangueira, eis que me aparece Baris, o arisco.

Para quem ainda não o conhece, Baris é o "meu" beija-flor voluntarioso. Miúdo, solitário, arisco e muito agressivo, só se mostra quando quer. Adonou-se de uma fatia generosa do quintal - a dos "camarões" - e não a divide nem com as borboletas.

Hoje estava bem-humorado. Banhou-se nas gotículas de água das folhas, espanejou-se e veio sentar-se bem perto de mim. Com aqueles olhos que parecem caber as cores do mundo, ficou me olhando por um tempinho. Depois, um raio luminoso, desapareceu no espaço.

Sempre que o Baris me visita, lembro-me da passagem antológica do romance Memórias Póstumas, aquele em que a borboleta pousa na fotografia do avô de Brás Cubas para reverenciá-lo. Acho que o Baris, ao aproximar-se de mim, vem manifestar sua gratidão para com "o senhor das chuvas", um velho de carapinha branca...

A manhã estava meio cinzenta, aliás, o país está completamente cinzento, mas, aconteça o que acontecer, Baris já me salvou o dia. Amém.

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Cineas Santos é professor, poeta, escritor e produtor cultural - nas redes sociais. 

Cineas Santos

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