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Redação

contato@acessepiaui.com.br

01/07/2024 - 09h40

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01/07/2024 - 09h40

"Crônicas de um Piauinauta", avanços e retrocessos iniciais do século XXI

 

 

O escritor e psiquiatra piauiense, radicado no Rio de Janeiro desde 1976, Edmar Oliveira lança nessa terça-feira, 02 de julho, às 18:30 h, no espaço Maria Café, na zona leste de Teresina, seu mais novo livro: Crônicas de um Piauinauta: Um Século que não Começou. 

A nova publicação é uma coletânea de textos publicados durante dez anos (entre 2007 e 2017). São crônicas marcadas pelo memorialismo, visão crítica da realidade e humor refinado.

A narrativa reflete sobre acontecimentos recentes. "Muitos destes, com relevância para a espiral da História, mesmo que, no momento em que foram escritos, parecessem não ter qualquer ligação. As impressões da realidade prenunciavam o vulcão da idiotia nacional, que logo aconteceria. Como se o século anterior tivesse aprisionado a espiral da História, o que só se percebe agora, numa leitura com distanciamento".

Edmar Oliveira conviveu com o poeta Torquato Neto e é autor de sete livros, um deles sobre o fechamento do Meduna de Teresina, de 2011. 

A editoria de cultura do Acessepiaui ouviu o escritor sobre seu mais novo livro: 

O que expõem as Crônicas de um Piauinauta?

Eu fiz um blog por 10 anos (entre 2007 e 2017) chamado Piauinauta. Piauinauta era uma canção do Ari Toledo que dizia "o progresso nordestino / esse menino / já fez fama mundial / se é foguete lá não falta / um Piauinauta foi ao espaço sideral". Então Piauinauta era um astronauta que via o mundo longe, fora de sua aldeia. 

Recuperei algumas crônicas do blog para guardar e vi que elas diziam que o século XXI que começara com a promessa de alta tecnologia estava retornando para um passado conservador absurdo. Daí resolvi publicar essas crônicas que ganharam outro significado no tempo. Nasceram as "Crônicas de um Piauinauta'.

Como foi a sua convivência com Torquato Neto?

Torquato eu conheci nos dois últimos anos de sua existência. Tínhamos um grupo de contracultura no Piauí nos anos 70. Entrevistamos Torquato, que sabíamos ser uma pessoa muito importante. Ele gostou tanto da entrevista que veio participar do grupo. Fizemos o jornal "Gramma" e ele participou conosco. Seu único filme em Super8 foi feito em Teresina, "O Terror da Vermelha"  (disponível no YouTube ) e fiz seu "alter ego" no filme. Foi uma convivência em pouco tempo, mas intensa.

Como é visto, sentido o Piauí, Teresina atual, por um piauiense que não mora mais no estado já algum tempo?

É um choque cultural. Saí do Piauí provinciano em 1976. Teresina, uma aldeia de 300 a 400 mil habitantes. Hoje, é uma metrópole de quase 1 milhão de habitantes. Portanto são duas cidades que não se conhecem. A minha tinha zona norte e zona sul. Hoje a cidade se mudou para a zona leste. E é outra, completamente diferente.

Como era o cenário cultural de Teresina quando da sua vivência na cidade?

Teresina era uma cidade provinciana e preconceituosa. Nosso grupo de Contracultura, conhecido como "Gramma" bagunçava o coreto dos bem comportados. Torquato se ligou ao grupo porque também queríamos "desafinar o coro dos contentes". Fizemos jornais, cinema, teatro e o primeiro show musical numa churrascaria. Dirigi esse show que contava com os que já nos deixaram, Pedrinho Veras, Pierre Baiano, a bela Ana Miranda, Assis Davis, Arnaldo Albuquerque e Antônio Noronha. Chamou-se UDIGRUDI e fez sucesso por duas semanas na Churrascaria Beira Rio.

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